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NEFELINS E ABOMINAÇÕES - 324.821

  Criar deveria ser um ato só do UM? Acho que n?o, porque n?o foi ele que distribuiu esse poder? O que pode existir sem que ele deseje?

  - Você soube, Lázarus? – chamou Ariel tomada de urgência, se aproximando do alto da árvore em que ele estava sentado, cismando como o mundo parecia estar sendo alterado de uma forma rápida demais.

  - O que aconteceu, Ariel?

  - Se a gente achava que os dahrars eram raros, pode esquecer. Algo aconteceu, porque agora muitos deles est?o sendo avistados.

  - Sim, eu ouvi alguma coisa disso. Ainda n?o encontrei nenhum deles, mas os relatos de encontro est?o aumentando, sim. E esses encontros quase nunca acabam bem. Mas, isso já era esperado, n?o era? Era sobre eles que os dem?nios falavam, é por eles que eles esperam.

  - Mas, você n?o está nem ao menos surpreso? – Ariel assombrou-se. – Esses avistamentos assim, como que de uma hora para outra, s?o preocupantes, n?o s?o?

  - Claro que s?o. Isso quer dizer que o que temíamos está para acontecer.

  - Eu sempre fiquei me perguntando quanto à naturalidade com que encara os dahrars. Por que os encara com tanta normalidade?

  - Para mim, quando as pessoas come?aram a procriar entre si, pessoas dem?nios com seres do fogo, seres do fogo com seres da água e outras combina??es, o caminho já estava desenhado. Quando os anjos, dem?nios e pessoas procuraram os humanos, n?o foi surpresa os nefelins surgirem, porque eles já eram esperados. N?o foi assim? – falou com indiferen?a. - O aumento do arco de possibilidades dos dahrars também já era esperado. Além disso, eu ainda consigo dar uma espiadinha nas linhas do tempo... E, as mais prováveis de acontecer s?o as mais nítidas... Os dahrars sempre estiveram espalhados por muitas das mais prováveis linhas – revelou. - E os anjos sabem disso, até melhor e há mais tempo do que eu.

  - Está bem, está bem – concordou, sentando-se ao seu lado no galho da gigantesca árvore. – Se você já imaginava que isso fosse acontecer, ent?o por que está com essa cara t?o preocupada? O que você viu de possibilidade nas linhas de tempo? – perguntou, cismando se gostaria mesmo de saber. Ser uma caída, com acesso t?o restrito ao exame das linhas futuras, em alguns momentos podia até ser considerado como uma dádiva, mas em outros momentos se mostrava como algo realmente desconfortável e limitante.

  - Os dahrars ficaram ocultos por muito tempo, tanto que até pensávamos que tínhamos visto coisas. As escaramu?as que est?o ocorrendo est?o mostrando o grande problema que s?o.

  - Mas o mundo está cheio de seres de poder – falou Ariel pensativa. - O poder dos nefelins, originados dos homens com pessoas, ou com anjos ou com dem?nios n?o é lá muito grande. No máximo, em raríssimos casos, ter?o o poder igual ao de seu genitor ou genitora de maior poder. Os nefelins, ao menos grande parte deles, s?o dominantes em rela??o aos humanos, podendo com enorme facilidade submete-los às suas vontades. Eu vejo nessa linha que uma guerra é uma grande possibilidade. O que quero dizer é que as pessoas já est?o aí há um bom tempo, e a maioria sempre pode submeter os humanos, quando a isso se disp?em. Ent?o, qual a diferen?a na existência desses... dahrars?

  - Você já sabe o que eu vou dizer.

  - Sei, mas n?o quero arriscar. Me diga o que você viu, ou ao menos, as possibilidades mais reais – pediu.

  - A diferen?a fundamental n?o está no poder, mas na forma como as mentes deles funcionam – revelou, n?o diminuindo do rosto o ar de preocupa??o. – A forma como os homens e as pessoas foram criados n?o irá suportar tal poder. O poder contido nos dahrars, poderes de conflitos, indicam que é muito possível que muitos deles podem ficar loucos com o tempo, provavelmente na puberdade ou, até mesmo, há enorme chance de grande quantidade deles já nascerem loucos.

  - Entendendo.

  - O que aconteceu com esse dahrar que foi visto? – quis saber, curioso sobre o ocorrido.

  - Os que o encontraram apenas tomaram conhecimento dele e o deixaram ir. Parece que ele era o cruzamento de um anjo com uma manira-ellos. Mas, o que chamou a aten??o deles era o poder que possuía. Era muito mais alto do que o das pessoas.

  - Ao menos esses s?o dois seres nobres.

  Ent?o Lázarus ficou em silêncio, pensativo, a mente examinando possibilidades.

  > Ariel, se os nefelins, que s?o seres de meio poder já causam alguma estranheza e conseguem perturbar as linhas onde surgem, mesmo que de forma t?o sutil, o que causará seres com tal poder descontrolado, originados de cruzamentos t?o poderosos como dem?nios, anjos, pessoas, e os próprios nefelins de poder? O que poderá ser originado dessas vias?

  Ariel sentiu um frio escorrer pela espinha. A vis?o que Lázarus lhe mostrava a encheu de temor pela cria??o.

  - Um grande perigo – sussurrou para um vento que passava.

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  - Na verdade n?o importa os pais – continuou Lázarus em seus pensamentos. - No final das contas se resume a seres de grande poder da luz e da escurid?o. A loucura seria até esperada ao ser a luz e a escurid?o obrigadas a conviver em tal proximidade... E, n?o há nada que possamos fazer.

  - Safiel sabe disso?

  - Deve saber. Desde quando houve a batalha contra Beliel a gente n?o se encontrou mais.

  - Ora, e por que n?o?

  - Achei que você soubesse – falou baixinho. – Ele e Beliel eram verdadeiros irm?os. Eles tomaram consciência na mesma família – esclareceu.

  - Mas Beliel n?o era da sua família?

  - Ser de uma família n?o impede que seja de outra. A realidade é que todos, qualquer consciência que existe, faz parte da mesma família.

  - Mas, Safiel sabia o que estava se desenrolando. Ele n?o quis participar. Ele te acusa de algo?

  - N?o, ele n?o me acusa. Mas, ...

  - Você está enganado, se pensa que sim – ouviram ao lado.

  Os dois se viraram ao mesmo tempo e viram Safiel flutuando ao lado deles, o rosto pacífico e tranquilo.

  - Ora, que bom que deu as caras. Por que demorou tanto, Safiel? – cobrou Ariel com um sorriso amigável. – Achamos que tivesse ficado chateado com Lázarus pelo que aconteceu com Beliel.

  - Ah, temos que respeitar o desejo dele, n?o temos? Foi uma escolha que ele fez. Mas n?o foi isso que me obrigou a ficar distante. Além de ser desnecessário a interven??o angélica naquele conflito, a escurid?o avan?ou muito por esse universo.

  - Sério? – se preocupou Lázarus, os olhos sondando a face do anjo. – Por que acho que n?o vou gostar do que vai nos dizer?

  - Vi que já sabem dos dahrars.

  - Sim, acabamos de conversar sobre isso.

  - Pois é... Por alguma raz?o esse sistema solar se tornou pe?a principal num quebra-cabe?as muito perigoso. O quarto planeta já foi arrasado, vocês sabem, há muito tempo atrás, quando os escuros tentaram tomá-lo. As formas dominantes que lá estavam encheram os olhos dos escuros de possibilidades.

  - E as formas que surgiram aqui s?o bem mais avan?adas, e desejadas que aquelas, é isso?

  - Isso mesmo. As pessoas, os humanos, ... Os escuros os querem, e eles querem principalmente os humanos.

  - Ora, e por que os humanos? – estranhou Ariel. – S?o t?o frágeis... Sem poderes, sem armas...

  - Há algo diferente nesses humanos. Eles parecem ter a capacidade de viverem com enormes cargas de luz e escurid?o dentro de si sem que isso os leve à loucura, o que os torna diferentes das outras cria??es. Pelo que entendemos até agora, os humanos podem ser ao mesmo tempo os maiores santos ou os piores assassinos. Os escuros os querem... Eles veem que os ganhos ser?o bem maiores. Eles podem usá-los para criar seres híbridos de imenso poder.

  - E assim, além de se servirem deles pela capacidade de suportarem a dualidade, ainda poder?o tomar essas cria??es e alterá-las a bel prazer – Lázarus sondou, a voz meio abafada, os olhos perdidos nas entranhas da floresta. – Eles est?o fazendo experimentos com os homens e com os dahrars?

  - Eles já fazem isso, há muito tempo. Mas, foram t?o sutis que n?o havíamos percebido a dimens?o e a extens?o do que faziam. Notaram como a quarta dimens?o está sendo alterada e dominada por eles? A quarta acabará sendo proibitiva para nós, se continuar nesse caminho.

  - Pelo UM... – suspirou Ariel tomada de preocupa??o. – Com os nefelins e os dahrars...

  - Eles poder?o colocar em risco toda a cria??o. Eles se alimentam do medo e da loucura, e esses sentimentos trevosos ser?o escalados aqui, a partir do momento em que surgirem os mais escuros deles.

  Lázarus respirou fundo, pensando, o cenho franzido.

  - Sabem, eu estava lá quando a escurid?o surgiu, e logo após os dem?nios. Eu estava no quarto planeta quando a vida se desenvolveu lá, e quando ela morreu. Eu estava aqui, quando as pessoas foram criadas e os homens também. Eu vi os nefelins, e agora vejo os dahrars... E eu estou aqui, e confesso que já cansei de ver a escurid?o avan?ar assim – falou se levantando e ficando ao lado de Safiel, suspenso na altura.

  - Tem alguma sugest?o? - perguntou Ariel saindo do galho, flutuando ao lado dos dois.

  - Temos que conhecer essas novas criaturas. Pelo que falou, nesse último com que se encontrarem, ele parecia bem, ser da luz. Precisamos encontrar outros, esses que os dem?nios guardam tanta esperan?a que nos enfraque?am.

  - E ir matando-as quando forem surgindo? – preocupou-se Ariel.

  Lázarus a olhou, a confus?o em seus olhos.

  - N?o, de forma alguma! – declarou, para alívio de Ariel e de Safiel. – N?o somos responsáveis pelas escolhas dos outros, mas todos nós, pessoas, caídos, anjos e homens, temos a responsabilidade de acolhe-los e mostrar-lhes a luz.

  - Essa é uma verdade... – saboreou Ariel, satisfeita. – E quanto aos que se mostrarem realmente propensos à escurid?o, ou aos que se mostrarem irremediavelmente loucos?

  - As escolhas deles s?o deles; que vivam ent?o com elas, ou morram com elas, loucas ou s?s – falou Safiel com autoridade. – Ninguém tem o direito de se impor ao outro e de buscar submetê-lo para que cumpram suas vontades. Os que assim procedem, devem voltar para a fila e reencarnar novamente, e novamente e novamente, até que aprendam. N?o concordam?

  - Se agirmos assim n?o estaremos fazendo justamente isso, ao impor nossa vis?o? – perguntou Ariel, expondo suas preocupa??es e dilemas.

  - N?o vejo assim, vigilante. Eu vejo apenas que estaremos usando nosso poder para impedir que exer?am domina??o – sorriu. – Eles n?o podem exigir que as escolhas que fizeram seja as escolhas que os outros devam fazer. O livre-arbítrio é pe?a importante do jogo da experiência – declarou.

  - Está certo... Mas, me diga, Safiel, sei que já sabia disso tudo, e que vocês anjos já devem estar se mexendo para identificar os nefelins de grande poder escuro e de olho no surgimento dos dahrars... Há outros poderes aprisionados aqui em Urantia... Avalia??es quanto à posi??o na fila da reencarna??o?

  - Vocês, anjos, est?o sondando os caídos? – completou Ariel, mostrando toda sua desconfian?a.

  Lázarus examinou o anjo, e o que viu o deixou preocupado.

  - Está em uma cruzada, anjo? – perguntou, a voz num tom mais distante.

  - Sabem, estamos num nó, e tudo está sendo precipitado pelo surgimento desses dahrars e de alguns e desconhecidos nefelins escuros de alto poder, fantasmas e dem?nios. Este momento é muito importante e crucial, e o que está ocorrendo aqui em Urantia, por alguma raz?o ainda desconhecida, parece ser determinante para os multiversos.

  - Por isso retornou para cá...

  - Sim, Ariel, por isso voltei para Urantia. O papel dela na cria??o é muito mais importante do que poderíamos ter imaginado. N?o sabemos porque, mas temos, agora, conhecimento do qu?o importante ela é.

  - E se algum caído ou...

  - A velha quest?o do “se”. Uma palavra t?o pequena que sabe se ramificar por dentro das mentes e desejos, que pode mudar decis?es e futuros... Que bom que ela existe, n?o é mesmo? – sorriu amigável, ruflando as asas e sumindo de súbito, deixando atrás de si um turbilh?o que varreu as copas das árvores mais próximas.

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