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A ENCARNAÇÃO DE NuvemEscura

  Na densidade receei me perder. Foi por isso que instalei pelo tempo afora pontos de luz, linhas de suaves brilhos e toques de amigos, esperan?oso de que fossem suficientes em me lembrarem do caminho para casa.

  Ela ouviu o chamado, e ouvindo se lembrou das promessas de ambas.

  Ariel já estava por longo tempo procurando. Em v?o sondara várias manira-ellos, apenas para ver que eram belos e maravilhosos seres. No entanto, em nenhum desses corpos vira a alma que procurava.

  Por mais incrível que fosse, pensou que poderia ficar assim, procurando indefinidamente, andando pelas cidades daqueles seres, que achava cada vez mais bonitas e majestosas.

  Se perdeu em pensamentos satisfeitos, se perguntando quando poderia ter pensando em se dar uma miss?o como aquela, de procurar conhecer o cerne desses seres que t?o pouco julgara.

  Estava maravilhada com o que eles eram.

  Certamente tinha muito que evoluir, conferiu com satisfa??o.

  Porém, também descobriu uma outra coisa que a deixou extremamente preocupada: havia os nefelins, e eles n?o eram os seres ignóbeis que julgara a princípio. Para sua tristeza verificou que eles e as outras pessoas sofriam intensos e terríveis assédios, tanto dos vigilantes quanto dos anjos e, naturalmente, dos dem?nios, ainda mais considerando que havia inúmeras ra?as de pessoas dem?nios nessa espécie. Também descobriu que os seres humanos estavam sofrendo esse tipo de assédio, mas nesse caso n?o causado pelos poderes que possuíam, mas por vingan?a, por ciúmes. Sem querer se aprofundar demais ficou se perguntando se tinha alguma culpa nesse julgamento.

  Foi com tristeza e preocupa??o que viu que havia algo que diferenciava esse assédio, ou melhor, as consequências de alguns tipos de assédio. Por mais que as pessoas estivessem sendo assediadas a mais que os homens, havia uma quantidade infinitamente maior de nefelins, o que mostrava a enormidade do que acontecia com os humanos.

  No entanto, apesar disso tudo, quanto mais interagia com essas pessoas mais as admirava. Eles eram seres naturais, mesmo em suas maldades. N?o era intencional, era natural, e era cheio de nobreza e espontaneidade quando os momentos para isso se apresentavam. Podia relatar inúmeras passagens de terríveis juruparis se batendo para proteger um pequeno arbusto ou uma frágil crian?a abandonada, e da forma mais carinhosa as devolver à sua família. Era emocionante, e ela sabia que pelas pessoas, e também pelos homens, fora tocada, e isso de forma alguma a desgostava ou a incomodava.

  Foi por isso que sua mágoa e raiva pela queda foi passando, sem que ela se apercebesse disso.

  Mas, suspirou fundo, tinha que encontrar uma pessoa em especial.

  Para isso subiu alto sobre o mundo, na terceira dimens?o, onde se deixou a flutuar placidamente, examinando o ambiente abaixo. Ficou totalmente em silêncio, se estendendo a partir da atmosfera, tendo como foco suas lembran?as sobre quem era NuvemEscura.

  Lentamente, por setores foi se estendendo, até que sentiu um pulso familiar. Saiu de sua concentra??o e a voltou para um lugar abaixo, à esquerda, no meio de uma floresta densa e, pelo que podia sentir, muito antiga.

  Ficou confusa com o que viu.

  N?o era uma manira-ellos, mas sim uma flor-do-fogo que emitia tal pulso. A estudou mais profundamente, acabando por confirmar que era NuvemEscura. N?o p?de deixar de sorrir, lembrando-se que ela sempre gostava de surpresas.

  Satisfeita com a descoberta da amiga estendeu um pouco mais a consciência em torno dela, e ficou assustada. Ela estava em fuga em companhia de dois adultos, que deviam ser seus pais, juntamente com várias outras famílias.

  Esse era o motivo do chamado que ouvira, percebeu tomada de preocupa??o.

  Eles estavam sendo ca?ados.

  Enquanto se punha surpresa assim, viu vários anjos e vigilantes caindo sobre o grupo em fuga.

  Sem se denunciar desceu em silêncio bem ao lado dos grupos, na beira de um regato perto de onde eles foram emboscados.

  Ficou sem a??o por alguns segundos, vendo especificamente um ellos e uma flor-do-fogo que lutavam com invejável maestria. Estavam feridos, mas a ferocidade que demonstravam n?o parecia estar se arrefecendo na defesa de sua filha, uma pequenina flor-do-fogo, que Ariel identificou como sendo realmente sua amiga NuvemEscura. A pequenina estava alerta e pacientemente aguardava os pais ao lado de um ser enorme e feroz, que mais parecia uma capivara raivosa de enormes presas, toda em fogo, que protegia a menina de encontro a um grosso tronco de uma peroba gigantesca.

  Voltou-se novamente para os pais da menina.

  Ao lado deles um vigilante parecia agonizar, enquanto um outro vigilante e um anjo os estudavam, parecendo surpresos com o poder e a ferocidade com que defendiam a eles e a pequenina.

  Por todo o lado outras pessoas se defendiam, infringindo terríveis sofrimentos aos atacantes.

  Ariel virou-se depressa, vendo uma bela flor-do-mato caindo de joelhos sob os olhos esfaimados de um grande e lascivo vigilante.

  Mais que depressa sacou uma de suas espadas e arremeteu, colhendo o vigilante com a ponta dela, que subiu e rasgou de cima abaixo. A flor-do-mato pareceu ganhar vida, um brilho de esperan?a surgindo feroz em seus olhos. Subitamente se tomou de energia e se levantou, um sorriso agradecido no rosto. Mas, n?o ficou ali parada. Rapidamente se envolveu em fogo e tomou a direita, desaparecendo na mata.

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  Em poucos segundos sons de batalha vinham daquele lado.

  Ariel se virou novamente para o casal e para a crian?a, e soube no ato que eles corriam enorme risco: três caídos se acercavam deles.

  Como se em camera lenta viu a mulher se incendiar, explodindo o ar à frente de um caído em forma de manto que se lan?ava contra ela, afastando-o com violência, arremessando-o para longe. Mas o caído fez uma curva e se dirigiu velozmente contra a crian?a. A m?e, vendo que n?o teria como chegar rápido ao lado da filha gritou chamando o animal pelo nome de TochaDeLuz, que se tornou ainda mais ardente. Rapidamente a m?e da menina se tornou um fogo quase líquido, despedindo uma poderosa lavareda contra a filha, que no fogo se aquietou e poderou, a faquinha em brasa aguardando a aproxima??o do caído, que refez a curva e se afastou depressa, ante a presen?a do fogo e do animal.

  N?o pode deixar de notar que a faquinha que ela segurava com tanta energia era a adaga de NuvemEscura.

  Uma pergunta passou rápida pela sua mente, quase n?o percebida, de como ela conseguira se deixar de heran?a a adaga.

  Num movimento brutal e tomada de urgência Ariel se focou novamente, atacando com ímpeto o que estava mais próximo dos pais da menina, que tombou com violência alguns metros para a direita. Os outros dois, num avan?o súbito, come?aram a lhe dar combate, mas tiveram que repensar porque as duas pessoas já estavam sobre eles, tomadas de furor.

  Ariel se defendeu do menor deles, enquanto o maior combatia as duas pessoas, e era visível que estava sofrível demais para ele.

  O caído com que se batia girava e se abaixava, os golpes de uma potência tremenda ribombando na floresta quando a espada dele se encontrava com a sua. Ariel se defendia e atacava até que, num golpe furioso demais, a espada decepou o pulso que segurava a espada e atingiu o topo da cabe?a do vigilante, que foi partida ao meio.

  Sem perda de tempo a vigilante chutou o caído que tremia incontrolável e acertou de rasp?o com a lamina da espada a nuca do que se batia com o casal. Ao tirar a aten??o do casal o vigilante deu abertura para o ellos, que o atingiu bem no cora??o.

  Ariel girou a espada, tirando dela o sangue, guardando-a enquanto o vigilante tombava para trás.

  Com tranquilidade ela olhou para o lado e viu outras pessoas em perigo. Sem qualquer palavra se impulsionou para o alto, caindo mais para dentro da floresta, onde sons de batalhas explodiam com furor.

  Se atracava com um vigilante quando viu, ao seu lado, o casal, numa luta com um dem?nio na forma humanoide. Foi ent?o que viu a pequenina novamente ali perto, a faquinha na m?o e o grande animal de fogo atento ao seu lado, sempre se mantendo ao alcance da prote??o dos pais.

  Se preparava para confrontar um vigilante que ia contra a menina quando o animal, como uma tocha, segurou o inimigo contra o ch?o, fácil e rapidamente o rasgando com suas presas e patas. Com uma baforada de fogo o viu voltar rapidamente atento ao lado da menina.

  A vigilante viu os olhos confiantes e felizes dos pais passarem pelos seus, enquanto voltavam novamente a aten??o para os atacantes.

  Ariel sorriu e continuou atacando, sem descanso.

  Lentamente as pessoas, todas elas, foram se postando num círculo que se abria lentamente, um cuidando da prote??o do outro, enquanto os vigilantes eram empurrados para longe, porque o número deles diminuía rapidamente.

  Assim que o último inimigo se p?s em fuga para dentro da floresta, em torno de umas quinze pessoas, as mais fortes, livres de responsabilidade e preparadas delas, se reuniram e partiram, voltando para onde os seus estavam sendo mantidos em cativeiro.

  Vendo que naquele lugar tudo estava pacificado, Ariel guardou a espada e olhou à volta.

  Com um suspiro demorado se aproximou do casal, do animal e da filha. Com carinho aplicou a m?o e suavizou os ferimentos que ambos apresentavam, e de outros que se aproximavam. Havia aqueles sorrisos e toques em seu bra?o, como agradecimento. Seu cora??o crescia com eles.

  Quando todos estavam mais recuperados ela se aproximou mais dos dois, sorrindo de forma amável, como eles também pareciam estar esperando-a.

  - Vocês s?o lutadores admiráveis – cumprimentou. – Até essa menininha é surpreendente. E que animal incrível é esse? – perguntou se agachando na frente dele, os olhos presos no bicho que apresentava o corpo vermelho como brasa. O animal resfolegou suave, parecendo sorrir.

  - Esse é TochaDeLuz. Ele é um ardun - explicou. – Eles s?o raros e s?o incríveis, n?o s?o? – sorriu a mulher.

  - Sem dúvida que s?o – falou, a m?o passando pela cabe?a em fogo do animal, que resfolegou satisfeito.

  – Ah, como agradecemos a sua interven??o – disse a flor-do-fogo, segurando com carinho o seu bra?o quando ela se ergueu e se postou na sua frente.

  Ariel sorriu agradecida.

  - Foi um prazer. O que eles pretendiam é deplorável demais.

  - Um dia isso vai acabar – falou o ellos, a express?o tranquila e vigilante.

  A vigilante sondou as distancias e sorriu. Talvez eles n?o soubessem, mas o grupo que partira já chegara no cativeiro, e estavam vencendo. Afinal, poucos anjos e vigilantes haviam ficado para tomar conta da pris?o.

  - Saibam vocês que logo os que estavam aprisionados chegar?o – falou para os seres, que agora estavam virados para ela, atentos ao que ela dizia. - N?o fiquem aqui, porque outros dos que tentaram aprisioná-los chegar?o.

  Com satisfa??o viu que eles se viraram e se punham apressados em se prepararem para partir, assim que os outros chegassem.

  - é você a amiga, n?o é? Você é Ariel? – perguntou a flor-do-fogo sorrindo.

  - Ora, ela lembrou? Ela contou? Lembrou até o meu nome? – perguntou Ariel surpresa, observando a menina.

  - Ela nos falava muito sobre você quando era bem pequenina, uma linda e poderosa demiana. Ela dizia que era a melhor amiga que ela tivera no céu.

  - Por que fala no passado? – perguntou, olhando fixa para a flor-do-fogo.

  - Porque ela se esqueceu – respondeu com carinho. – Mas, está tudo lá, no cora??ozinho dela.

  Ariel virou o rosto e viu a crian?a a alguma distancia, preocupada com uma pequena árvore que fora partida. Ela se esfor?ava em colocá-la de pé, mas o tronquinho tombava a cada tentativa. A viu respirar sobre ela e recitar alguma coisa, enquanto segurava a cabe?a do ardun perto da árvore, para que sobre ela também respirasse.

  - Ela e o TochaDeLuz podem, mas ela ainda n?o sabe como – sorriu o pai.

  Ariel se aproximou e, com muita suavidade, tomou o tronquinho e o refez, o que fez a garotinha gritar de alegria.

  O ardun resfolegou, parecendo satisfeito, deitando de vez e em paz ao lado da arvorezinha. Ariel o observou, sabendo que ele quebrara uma outra arvorezinha quando se deitara. Ele pareceu ter entendido, porque a olhou como se pedindo desculpas, enquanto deixava a cabe?orra cair alegremente sobre o mato macio.

  Ariel, sorrindo, balan?ou a cabe?a.

  Tomada de felicidade a menina se levantou e apontou, para a m?e e o pai, a pequena árvore recomposta.

  A vigilante acariciou o rostinho da menina e se aproximou dos pais.

  - Cuidem dela... Ela, também, é a melhor amiga que tenho, no céu e aqui – sorriu.

  Sem esperar resposta subiu com violência.

  Tinha pressa, porque precisava evitar que eles escapassem.

  (*)

  Seres transformados por magia, para montaria e defesa dos caiporas, principalmente. (*)

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