A escurid?o está bem aqui, mas ela n?o é t?o densa quanto eu pensei. Ent?o...
- Talvez Safiel saiba – sugeriu Ariel.
- Ele me sussurrou que havia algo diferente – disse Lázarus. - Ele sabe, com certeza. Acredito que os dem?nios n?o terem se apresentado na guerra foi o que os motivou a se manterem longe.
- Acha mesmo que esse foi o motivo? – duvidou a vigilante. - Confesso que n?o estou muito confortável por eles n?o terem combatido ao nosso lado.
- Acho sim! Eles n?o entraram na guerra porque os dem?nios n?o entraram.
- Se tivessem entrado, só os homens e pessoas n?o poderiam com eles. E nós, dranians, somos poucos – Ariel ficou pensando, ainda se recusando a dar raz?o a Safiel.
- Tenho certeza de que foi isso que aconteceu. Safiel insinuou isso claramente. A luta estava equilibrada. Eram somente dranians, vigilantes, homens e pessoas. Sem dem?nios, sem anjos – sussurrou Lázarus para as montanhas que vasculhava.
- Ent?o eles devem saber porque os dem?nios se mantiveram afastados, o que eles est?o tramando.
- Talvez sim. Mas n?o consigo encontrar Safiel nem Miguel ou qualquer outro anjo que possa confirmar isso. Alguma guerra em algum lugar – cismou. – Pensa em alguma coisa que explique o sumi?o dos dem?nios? Eu tinha certeza de que eles iriam se formar ao lado dos caídos.
- Acho que até eles sabem que os caídos n?o caíram tanto assim – Ariel pensou alto, procurando alguma explica??o, pensando se algo terrível poderia estar sendo preparado por eles. O sumi?o deles e o encobertamento sobre a falta de notícias eram muito preocupantes.
Ariel observou com estranheza o silêncio de Lázarus.
> Em que está pensando?
- Que precisamos saber o que eles est?o armando. Esse ocultamento n?o é normal.
- Ent?o, só precisamos descobrir. Temos que encontrá-los. Mesmo escondidos eles est?o por aí, você sabe.
- Claro que sim... Precisamos ir, Ariel.
- Vai chamar os drag?es?
- Você fala do Shen e da Corbélia?
- Sim... Gosto da companhia deles – revelou.
- Também gosto, mas acho que devemos dar um tempo para eles. Além disso, se esqueceu que a Azul de Corbélia está cuidando de um ovo?
- é mesmo. Acabei me esquecendo. Mas, você está certo quanto a tentar mantê-los longe disso. Quanto menos aten??o dos vigilantes e anjos sobre eles, melhor.
- Maravilha! Ent?o vamos, temos que tentar achar pelo menos um grupo deles - chamou se elevando.
Por algum tempo ficaram vasculhando toda a regi?o à volta.
Ent?o pararam, pensando em alguma forma de descobri-los.
Ariel vasculhou a quarta, enquanto Lázarus, de forma muito cuidadosa, estendeu sua consciência para bem longe.
Quando Ariel voltou, dizendo que na quarta havia somente dem?nios, e nada parecia anormal, Lázarus apontou para as altas montanhas Amorin, a oeste.
- No passo de Zada? – estranhou, sabendo que lá era um local de muito movimento.
- N?o, mais para o norte, na face da muralha voltada para o mar. Há alguns sinais perturbadores por lá, Ariel.
- Ent?o, é para lá que temos que ir – ela disse, se impulsionando com cuidado para n?o se denunciar, enquanto subia mais alto.
N?o demorou e logo encontraram um grupo de dem?nios, flutuando abaixo, quase rente ao solo, progredindo em total silêncio e com a energia recolhida, nitidamente se esfor?ando em passarem despercebidos.
- Sem dúvida há algo acontecendo, e esses caras ali mostram que sabem o que é. Capturar e descobrir? – perguntou Ariel.
- Por enquanto n?o. Melhor segui-los. Eles est?o cautelosos demais – avaliou seguindo os dem?nios que avan?avam em silêncio.
Rapidamente diminuiu sua energia para se ocultar, no que foi imitado pela vigilante.
Por longo tempo, bem acima das nuvens, ficaram seguindo os dem?nios que se esgueiravam no meio das matas e florestas, preferindo tomar caminho pelos vales mais profundos de Amanon.
Os viram passar perto de uma aldeia, mas perceberam que nenhum de seus moradores parecia ter sentido suas presen?as.
- Uma aldeia de lobisomens – reconheceu Ariel.
- Essa é a aldeia do Cheiro. Acho que n?o ia gostar muito do local – ele avisou. – O ar por lá é um pouco estranho. Eles n?o s?o conhecidos por terem uma boa higiene.
- Certeza que n?o – ela confirmou após pensar um pouco sobre o assunto, seguindo com ele para o norte.
- Eles sumiram – Ariel avisou vários quil?metros após a aldeia Cheiro. – Foi abaixo daquela larga copa que eles sumiram - apontou.
Sem qualquer palavra desceram, as energias ocultas. Ao darem a volta na grossa árvore viram que, no lado do profundo vale, se ocultava uma caverna de boca pequena. A escurid?o dentro dela parecia nunca ter sido atingida pela luz. A umidade lá era muito intensa e o ar parecia extremamente opressivo.
Os dois sondaram as profundezas e viram, bem no fundo, um largo e antigo sal?o, onde muitos deles pareciam estar reunidos.
Lázarus parou, a preocupa??o em seu rosto. Em sua mente ficou se perguntando o que faria se visse as coisas terríveis que sabia que os dem?nios faziam. N?o poderiam, de forma alguma, se denunciarem. Muita coisa estava em risco.
- O que foi, Lázarus? – preocupou-se Ariel, tomada de apreens?o.
- Ariel, n?o podemos nos denunciar – avisou num sussurro. – Podemos ver alguém que conhecemos, podemos dar de encontro com prisioneiros em horrores terríveis, ou com qualquer outra vis?o que nos doa, mas n?o podemos nos denunciar – alertou com bastante ênfase. – Podemos deixar para cuidar do que virmos depois, mas n?o agora.
- Eu entendo, e aceito ir – falou, o rosto sério e coberto por um férreo distanciamento emocional.
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Lázarus examinou seu rosto, e viu que ela estava em paz com aquela decis?o. Suspirou fundo.
De comum acordo se afundaram pela grossa parede.
Ao sentirem que estavam na parede do sal?o, aproximaram o rosto da face de pedra.
A vis?o que tiveram foi terrível.
Era um ambiente nauseabundo, de cheiro terrível e podre, onde os dem?nios se sentiam muito bem.
A maior parte deles era de seres deformados, apresentando membros estranhos e tortos, a dentadura esgar?ada e afiada como de uma piranha. Havia muita maldade ali, em seus modos, em seus gestos, em seus corpos, no ar onde se moviam. Mas, principalmente, em seus olhos é que viram o quanto eles haviam caído.
- ...porque estamos fracos, ainda – gritava um enorme dem?nio flutuando ante a assembleia. – Além de n?o conseguirmos trazer nossos irm?os dos mundos para onde foram levados, esses vigilantes n?o se mostraram o que pensávamos – reclamou. – Além de n?o aumentarem nossas fileiras ainda nos atacaram, esses malditos desgra?ados.
- Você devia saber que eles n?o eram confiáveis – acusou um outro, postado à direita do grand?o.
- Bah, bah... Depois que se sabe o que aconteceu é fácil criticar, n?o é? – se defendeu.
- Mas é claro que é – riu o dem?nio que o acusara, a risada maldosa ecoando pelo sal?o. As risadas dos outros ent?o explodiram, felizes com o desconforto do primeiro.
- E até quando vamos ficar nos escondendo desses fracos miseráveis desprezíveis abomináveis dementes mulherengos...
- Logo – cortou o grand?o apressado, sabendo que ele n?o conseguia parar de xingar por si só quando come?ava.
- Logo? – estranharam os outros.
- Quer dizer, n?o t?o logo. Temos que aguardar... As guerras est?o chegando. Com elas ficaremos mais fortes. Esses desgra?ados de vigilantes s?o muito sovinas com suas energias. Mas, na guerra, elas estar?o disponíveis. Eles n?o poder?o fazer nada contra isso. As guerras já est?o escritas – falou com satisfa??o.
- Ent?o, por que temos que ficar escondidos? Estou com fome – reclamou um dem?nio magrelo de modos abruptos, sob o aplauso de alguns outros que gritavam em apoio.
- Porque estamos fracos. Todos os outros grupos est?o assim também, ent?o n?o reclame. Se baste com o que temos.
- Isso é inaceitável – reclamou com mais veemência.
- Se n?o está satisfeito, pode ir – falou, um prazer t?o intenso na voz que o reclam?o se encolheu e ficou quieto, mesmo sendo achincalhado pelos outros por um bom tempo, que o grand?o deixou acontecer livremente para que ele aprendesse, além de ter enorme prazer nisso.
- Pois eu ainda continuo querendo saber o que estamos esperando – reclamou um dem?nio extremamente gordo e seboso, a cara macilenta.
- Ai, ai, que sofrimento – gemeu o que comandava a reuni?o. Quantas vezes vamos ter que ficar repetindo? é por isso que as coisas s?o difíceis.
- Eu cheguei há pouco. N?o vem com onda, Margarida.
O dem?nio gemeu alto, desconsolado e come?ando a se mostrar irritado.
- Os dahrars, seu imbecil. Conseguimos contatar alguns. E eles est?o se mostrando bem acessíveis. Satisfeito? Satisfeito? - gritou, para alegria dos outros, que batiam os pés e gritavam.
- Ah, n?o sei. Vou pensar, está bem, Joaninha?
O cara ficou gelado, vendo a cara gorda e macilenta do outro, se perguntando como deveria tortura-lo. Por fim, satisfeito, abriu um sorriso, quando o outro levou um murro na cabe?a, de um que ficara t?o exaltado que tivera que ser contido, para n?o sair dando sopapos nos outros todos.
- E, agora, ao banquete, meus irm?os – falou rápido, vendo que poderia perder o controle, assim que viu que eles já tinham se cansado das zombarias, parando de incomodar o reclam?o e o doid?o ter sido acalmado. Com um movimento fez alguns dem?nios desaparecerem por uma entrada.
Lázarus olhou para Ariel, vendo a importancia do que haviam descoberto. As coisas, ao que pareciam, iriam descambar rapidamente. Voltou-se novamente para os dem?nios, prestando bastante aten??o no que eles faziam e diziam uns aos outros e ficavam resmungando como loucos satisfeitos.
Após alguns xingamentos que ouviram, e arranh?es e gritos doloridos em algumas salas adjacentes, viram várias jaulas com seres aprisionados serem empurradas para dentro do sal?o.
Lázarus virou-se para Ariel e n?o viu dor nela, que ela ocultava tal como ele.
Lázarus voltou sua aten??o para o sal?o, conferindo que os prisioneiros n?o eram seres físicos, como também as celas n?o eram. O que eles traziam para se alimentarem eram almas pegas da quarta dimens?o, enquanto os seres estavam sonhando. Se o ser n?o morresse de medo durante o sono, ent?o logo que despertassem sentiriam o cora??o aos pulos e seguiriam com suas vidas normalmente, um pouco mais enfraquecidos, um pouco mais adormecidos, mas ainda vivos.
- Temperem, temperem – gritaram os dem?nios tomados de alegria, batendo as m?os nas coxas.
Tomados de prazer os carcereiros come?aram a espica?ar e atormentar a comida, fazendo com que o medo exalasse mais fortemente de todos eles, o que aumentava ainda mais a fome nos dem?nios e o medo nos prisioneiros.
- Temperem, temperem mais... – gritaram tomados de enorme euforia em meio a batidas dos pés no ch?o de pedras e ao som das batidas das m?os nas pernas.
Lázarus e Ariel recuaram depressa para dentro do pared?o e subiram, ultrapassando a caverna e a floresta. Bem acima do vale abriram suas energias, como se fosse por acaso.
Lázarus sorriu, satisfeito em incomodar os dem?nios.
De forma sutil viram que os dem?nios se punham em silêncio, nas entranhas da montanha.
Devagar, como se estivessem apenas de passagem, se afastaram, totalmente em silêncio.
- N?o eram prisioneiros – cismou Ariel quando estavam longe do alcance sensorial dos dem?nios. – Eram pessoas adormecidas.
- Provavelmente alguns deles foram fornecidos pelas pessoas fantasmas ou dem?nios. Há muitos deles que podem entrar nos sonhos – murmurou Lázarus.
- Também vi humanos entre eles. Que terror eles devem passar. Será que eles sabem o que lhes acontece?
- Talvez alguns. Ou?o sussurros sobre dem?nios que visitam pessoas e homens durante a noite. Sexo e terror... Acho que a maioria desses sonhadores atormentados devem acordar como se tivessem levado uma grande surra pela noite toda. Devem pensar que foi um pesadelo terrível, t?o terrível que até parece tirar suas energias.
- Acha que podemos fazer algo?
- Acho que n?o. Se há culpa, e ela surge livre à noite, e se delas os dem?nios se aproveitam, isso n?o é novo nesse mundo. Talvez isso só deixe de acontecer, ou abrir essa possibilidade para os dem?nios, se todos voltassem a ser anjos. Complicado – sorriu.
- E se algum deles morrer de tanto medo?
Lázarus ficou em silêncio, tentando imaginar o que poderia acontecer.
- Acho que ele deve ficar por lá, no poder deles ou um deles se tornando. Eles querem se manter ocultos. Eles n?o v?o se arriscar a aprisionar alguém da luz que teve um dia ruim. Eles sabem que os anjos est?o atentos.
- é, acho que você está certo. N?o vi, entre os prisioneiros, alguém que eu diria que é da luz.
– Também n?o. Bem... – balbuciou, colocando o assunto de lado. – Você os ouviu falar sobre as guerras que eles aguardam? Havia muita expectativa quanto à elas – observou.
- é pelos dahrars que eles esperam.
- Mas, soube que há vários batalh?es de anjos ca?ando-os.
- Eu sei. Mas, os dahrars s?o bons em se esconderem. Acho que a ca?ada só tem a capacidade de os tornar mais ferozes. No entanto, todas as informa??es que temos d?o conta de que o número deles é muito pequeno.
- Tudo ainda é novo sobre eles – falou Ariel. – E quanto à ca?ada aumentar o ódio deles, n?o acho que seja assim – Ariel contestou. – Ouvi falarem de que eles pouco se importam com os seus que morrem. A alma deles parece estar gelada, adormecida demais. Eles apenas se escondem para se organizarem, eu acho.
- Bem, o fato é que a guerra irá estourar bem mais cedo do que pensávamos. Temos que preparar os outros.
- Lázarus – Ariel mostrou a voz um pouco desanimada, - quanto a essas guerras qualquer um sabe que est?o para acontecer. A situa??o dos dahrars vai ser a primeira, e n?o há nada que possamos fazer. E, depois dela, tudo vai se desenrolar bem depressa. Mas eu n?o consigo deixar de pensar que há algo bom em tudo isso...
- E o que seria?
- Os dem?nios est?o recolhidos e com medo, e já faz algum tempo. N?o é bom o mundo sem eles agindo abertamente? Mesmo que por algum tempo?
Lázarus se p?s pensativo, vendo que realmente era algo bom. Desde a última guerra de anjos e dem?nios que tudo parecia mais... fluído. Os vigilantes, por si só, já eram um grande problema. Porém, havia algo que n?o saia de sua cabe?a, e viu que era o que também preocupava Ariel.
- O problema será quando se mostrarem. A guerra deverá ser terrível.
- Sem dúvida. Mas, com as guerras menores que v?o acontecer, podemos fazer alguma coisa.
- Como por exemplo...
- Uma uni?o pode acontecer, Lázarus - sonhou.
- Ora, uma estratega? – sorriu Lázarus satisfeito com o caminho que Ariel via.
N?o deixava de ser uma ótima oportunidade de fazer a uni?o das pessoas e homens e anjos, e de tentar trazer quantos vigilantes pudermos. Afinal, os danatuás n?o se mostraram a pouco? Foi glorioso vê-los em a??o.
> ′é certo que foi, Ariel. Bem, ent?o vamos? Safiel precisa saber o que está acontecendo, caso já n?o saiba. Também, as pessoas e homens precisam saber o que está no futuro, ao menos uma das possiblidades.
- E por que pensa que Safiel e os anjos n?o sabem o que está acontecendo? Eles devem saber, só deixaram de nos contar.
- Ainda magoada pelo silêncio deles, Ariel?
- Confesso que estou. Achei que eles...
- Se esqueceu? N?o faz muito tempo você era um deles, e agia dessa forma com os outros. N?o era assim?
Ariel ficou em silêncio, os pensamentos rodando velozes em sua mente. Com desanimo viu que Lázarus estava certo. Os anjos, mesmo n?o admitindo, e se achando amigos e protetores dos seres, nos momentos mais importantes agiam com muita...
- Arrogancia – sussurrou Ariel para si mesma.