N?o fui vencido por vocês, mas por mim mesmo.
- Lá – apontou o anjo para o caído, examinando a face de uma montanha logo à frente.
- S?o muitos. E sim, s?o dahrars – confirmou o comandante daquela pequena tropa.
O anjo examinou a tropa dos dahrars, que avaliou com satisfa??o. Eles dariam conta facilmente daquelas abomina??es.
Com um certo alheamento abriu as asas e segurou firme a lan?a, a outra m?o apoiada na cabe?a da espada, imaginando o que faria logo a seguir porque, tinha certeza, aquela peleja, porque seria uma peleja, logo estaria terminada.
- Vamos! – comandou decidido se elevando no ar e tomando a dire??o do grupo de dahrars que haviam descoberto, que se mantinham em completo silêncio, como se os esperasse.
Quando desceram os pegou desprevenidos, porque os dahrars pareciam ter entendido que iriam ser apenas questionados de suas inten??es por aqueles lados, talvez por uma sugest?o mental enviada pelos anjos. Dois dos dahrars foram decapitados de súbito, para surpresa dos outros. Mais três deles foram mortos por um outro grupo de vigilantes, que desceram logo após.
Os dahrars, apressadamente, se concentram perto de uma rocha, rapidamente se poderando e avaliando toda a situa??o, no céu e na terra.
Os anjos e vigilantes se postaram tranquilos em um arco, impedindo qualquer tentativa de fuga. Eles estavam majestosos, impávidos e arrogantes, olhando as monstruosidades com enorme desprezo.
Eram em torno de quinze dahrars os que sobraram. O comandante identificou uma variedade diversificada. Pelo que entendeu havia ali alguns cruzamentos de anjos e pessoas e outras de pessoas com dem?nios. Mas, havia dois, de modos mais poderosos, que pareciam ter sido frutos de um cruzamento entre anjos e dem?nios.
Ali só estavam os dahrars, e n?o se via qualquer sinal dos possíveis pais.
Um dos dois dahrars, de anjo e dem?nio, se adiantou, o rosto tranquilo e sem qualquer sinal de confus?o ou medo.
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- O que desejam para nos atacar assim? – perguntou.
O comandante n?o entendeu o tom sarcástico naquela voz estranha.
- Vimos o que fizeram, contra homens e pessoas, nos vales abaixo e ao longo das margens do rio. Vocês s?o realmente uma abomina??o.
- Ah, aquilo. Aquilo n?o foi nada... Nos atrapalharam – contou naquela voz como se tudo n?o fosse nada mais que natural. - Pelo que vejo, acho que vocês s?o um dos grupos que resolveram ca?ar os dahrars, é isso mesmo?
- Vocês escolheram isso para si mesmos, quando resolveram ca?ar outros, e até mesmo ca?ar outros dahrars. Entre vocês, vocês podem se estra?alhar e se alimentar a vontade; mas deixem os outros seres em paz.
- Medo que queiramos nos saciar com vocês, anjinho? – riu malicioso.
- A arrogancia de vocês é algo nojento – falou, se mostrando cansado de toda aquela conversa.
- Certo... Ent?o vocês decidiram que n?o temos permiss?o para viver, é isso? – riu baixinho.
- Acho que chegamos nesse ponto sim.
- Ah, que pena. Será que n?o podiam nos levar para algum planeta só para nós, dahrars? – sugeriu, para divertimento dos outros dahrars. – Vamos ser bons lá, n?o vamos? – riu à brida.
- Vocês perderam o direito a isso.
- Acho que n?o lhes damos o direito de decidirem o que é bom para nós, nem nossos destinos. Vejam, estamos em muito maior número que vocês, e vocês n?o podem nos enganar agora, que sabemos suas vontades.
- Acham mesmo que podem conosco? – estranhou.
- Nós os vimos, e íamos deixá-los em paz, por algum tempo. Mas acho que até mesmo esse tempo n?o vamos mais lhes dar – sorriu sarcástico.
- Que petulancia.
O comandante olhou para seu lugar tenente, um vigilante de modos brutos e raivosos.
> Acabe com eles – ordenou com displicência, estudando os arredores, preocupado em se proteger de qualquer ataque surpresa de algum grupo que poderia ter lhes escapado à vigilancia.
O tenente avan?ou, seguido por um ter?o da tropa.
O comandante viu um pulso de fogo surgir pela coluna do tenente, enquanto uma cara cheia de sarcasmo surgia sobre o ombro do vigilante. Ela o observava com intensidade, uma maldade desconhecida e feliz ali.
Depressa viu que os outros que enviara para dar cabo das abomina??es tombavam com a maior facilidade, como se n?o tivessem qualquer treinamento de guerra.
Tomado de furor lan?ou a lan?a com potência contra o que parecia ser o chefe, que acabara de dar cabo do seu tenente. A lan?a atravessou completamente o corpo do tenente, mas a cara continuava ali, observando-o com divertimento.
Ent?o sacou a espada e avan?ou, comandando a carga completa.
Nesse dia, para surpresa das outras tropas de vigilantes e anjos, se descobriu que os dahrars eram uma for?a respeitável. Nenhum dos justiceiros com anjos e vigilantes sobreviveu, e dos dezesseis dahrars, cinco permaneceram no campo de batalha, orgulhosos e felizes.
Os dahrars sobreviventes, após recolherem todas as armas espalhadas entre as pedras e moitas, continuaram a subir a montanha e entraram por uma boca de caverna, se perdendo em suas entranhas, como se nada demais tivesse acontecido ali.