Saudades... Algumas vezes esse sentimento é t?o doloroso que temo desistir.
A revolta cresceu principalmente entre os vigilantes e se alastrou como um rastilho por toda a Mércia. A perda de toda uma tropa de ca?adores n?o fora recebida com muita alegria.
Porém, os anjos também foram atingidos, e o bom senso parecia ser abandonado com facilidade, quando o assunto dahrar vinha à tona.
Os anjos examinaram a situa??o, lamentando a perda dos cinco anjos que estavam na tropa que atacara os dahrars. Foi nesses dias, logo após a destrui??o da tropa, que muitas reuni?es foram realizadas, onde ficou decidido que iriam se retirar do céu do planeta, porque aquela situa??o n?o lhes era muito interessante, deixando o assunto dahrar para mais tarde, porque o pulso da situa??o mostrava grande possibilidade de desandar para uma situa??o de guerra, o que n?o lhes interessava, no momento.
A grande verdade é que tinham consciência de que os anjos que estavam naquela tropa agiram com arrogancia e desprezo, atitudes que n?o eram muito bem aceitas. “N?o tem como a vida n?o ser respeitada e amada”, apontavam para uma pequena placa de prata na entrada de uma de suas cidades.
Porém, isso n?o era verdade para todos.
Muitos anjos procuraram os vigilantes e os caídos, e até mesmo os homens e pessoas, e com eles fizeram alian?as, buscando unir for?as para exterminar de vez os perigosos dahrars que aprenderam a temer, discursando que eles seriam o flagelo de toda a cria??o, porque eles poderiam assaltar até mesmo as outras dimens?es.
Quando a guerra explodiu, os que se acreditavam apartados tiveram que repensar suas posi??es, porque ela se alastrou como uma enchente sem controle.
Foi só ent?o que descobriram que estavam enganados.
Os dahrars n?o eram poucos, como pensavam, mas eram em grande número. Nas risadas soltas dos dem?nios viram que haviam sido arrastados para uma armadilha.
- Mas, como pudemos ser enganados dessa forma? – revoltava-se um comandante de um grupo de vigilantes. – Eles eram contados, se muito, em poucos milhares.
- E n?o era assim, n?o é mesmo? – falou Lázarus, sobre de lado sobre uma grossa mesa no povoado onde estavam reunidos. – Muitos deles estavam apenas querendo levar a vida isolados.
O comandante dos vigilantes observou com cuidado os dois guerreiros ao lado, Lázarus e Denatiel. Se Lázarus era muito visto em Mércia, tal já n?o acontecia com Denatiel, que atuava mais fora de Gaia. Se Lázarus vergava sua forma dahen, Miguel era até belo em sua forma de manto. Mas n?o era uma forma qualquer. Ali estava ele, sua forma mais como um manto de luz suave e ambarina, que parecia sempre em movimento.
- Lázarus, Lázarus... – falou, em tom de reprimenda. - Esse “eu avisei” em nada vai melhorar a situa??o, Lázarus. Sabemos o quanto preza esses dahrars.
- Ah, mas eu avisei – Lázarus sorriu. – E eu prezo sim, todo aquele que traz a luz no cora??o, seja anjo, dem?nio, dahrar ou qualquer manifesta??o.
- Pois n?o fechem os olhos, pois essa guerra vai se estender para qualquer lugar em que esteja, Lázarus...
- Meus olhos nunca est?o fechados, meu amigo. Abra os seus – falou se levantando e caminhando tranquilamente até a porta, sob o olhar da assembleia de guerra.
- Sabem, eu luto contra a escurid?o – Miguel falou se virando para os que estavam reunidos, - nunca contra a luz, e também n?o contra a penumbra, porque ela embala a esperan?a. Estejam sempre muito alertas e atentos sobre as vozes que escolhem ouvir.
Ent?o, num impulso os dois se viraram e se elevaram, logo desparecendo dos olhares assombrados de todos.
- 324.825 -
A terrível guerra já se estendia por muitas revolu??es de Urantia, n?o mostrando sinais de diminuir de intensidade.
Além dos dahrars se mostrarem muito poderosos, ainda tinham a capacidade de se proliferarem de uma forma assustadora, porque haviam entendido que tinham necessidade de se estender pela terra. Os estupros eram generalizados pelas terras por onde passavam ou que dominavam, que repunham depressa os seus contingentes, visto que o crescimento e amadurecimento dos dahrars era algo digno de nota, alguns anos mais rapidamente que os efêmeros humanos.
Porém, para complicar ainda mais a guerra, algo que n?o se julgava que aconteceria simplesmente aconteceu, fruto de um trabalho ardiloso e envolvente dos dahrars, raz?o pela qual havia muitos rumores de que eles haviam usado poderes mentais para fazê-los pender para o lado deles.
Foi no vigésimo quinto dia do sexto mês, do ano 324.825 da quinta era, que eles se mostraram.
Come?ou com boatos e sussurros de que alguns deles estavam atacando alguns vilarejos, mas, como n?o havia sobreviventes, todo ataque era creditado a dahrars com poderes de fogo, e n?o havia outra forma, visto que os drag?es s?o famosos na defesa de sua independência e no desprezo pelas guerras dos outros. Como ent?o os ataques poderiam ser creditados a eles?
Lázarus foi o que primeiro sentiu a aproxima??o deles.
Com estranheza olhou para os que estavam ao seu lado e se jogou para o alto, muito acima do vale. O que viu o deixou assustado e preocupado com seu exército: eram muito poucos para o que se aproximava.
Com um baque seco voltou para o meio dos seus, os olhos e jeitos tomados de urgência.
- Recuar, recuar agora – gritou. – n?o se preocupem com o que deixarem para trás, mas vamos recuar agora. – repetiu. – dois batalh?es dos Set Phai, ao meu lado. Vamos fazer uma barragem e proteger os nossos. Atacar e recuar. N?o daremos combate direto a isso. Quando os nossos estiverem fora de alcance deles, vamos embora. Os outros batalh?es, protejam mais de perto os retirantes. Vamos, vamos... – gritou apressado, como nunca fora visto.
- Mas, vamos entregar essas terras que t?o duramente conquistamos? – gritou um comandante em meio aos movimentos e gritos.
- Melhor que essas terras fiquem assim, sem nossos corpos sobre ela. Vamos, vamos agora...
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Foi somente quando eles surgiram no alto da boca do vale, no passo de Romin, que todos entenderam a enormidade do problema.
Eram perto de uns cento e cinquenta drag?es, entre vermelhos e cinzentos que desciam, suas longas e majestosas asas ruflando em macabro e suave ritmo.
E, junto deles, vinham inúmeros dahrars, nefelins, pessoas e vigilantes, infestando o céu e a terra.
Os Set Phai se elevaram apressados no ar, as armas brilhando contra o sol vermelho que nascia, enquanto as tropas batiam em apressada retirada.
Lázarus e os seus deram uma passada rápida e violenta pelo meio deles. Vários voadores e drag?es caíram do céu, ou mortos e muito machucados. Acima do vale fizeram uma curva e investiram novamente, agora tomados de maior furor, porque os seus ainda estavam facilmente ao alcance daquela for?a escura.
Quando surgiram à frente da coluna inimiga, Lázarus mandou que os mais feridos se juntassem aos que fugiam, aumentando-lhes a prote??o, instando para que urgenciassem o abandono daquele local.
Ariel se preparava para partir em resgate aos Set Phai, o cora??o agitado, temendo que algo bem sério tivesse acontecido ao grupo, quando a trombeta soou na torre de vigia mais ao norte.
O som era nervoso, apressado.
Sem perda de tempo se elevou, acompanhada de algumas vigilantes e harpias.
Sua alma se tranquilizou um pouco quando os viu: eram o Set Phai que retornavam. Estavam em um número muito reduzido, e estavam muito feridos, todos eles. Sem demora os encontrou e tomou posi??o ao lado deles. No entanto, por mais que procurasse, n?o via Lázarus.
Aproximou-se de uma capit?.
- E o Lázarus?
A vigilante a observou. O cansa?o nela era imenso. Até mesmo as batidas das asas mostravam um enorme esfor?o para a batida seguinte.
- Ele se separou de nós, quando estávamos em fuga sobre as montanhas Amorin. Ele n?o me disse para onde ia, e eu estava esgotada demais até para perceber que ele se afastava.
- Ele atraiu os drag?es e os atacantes para longe de vocês, é isso? – gemeu, tentando entender o que o faria se afastar do batalh?o.
- Talvez, talvez... Mas, confesso que n?o sei, Ariel. – Um pouco antes dele se separar em pensei ter visto nele uma inten??o de ir para o oeste, mas eu n?o tinha entendido. Ele deve ter ido para lá, para a muralha...
Ariel respirou fundo, enviando para ela um pouco de energia, enquanto sinalizava para alguns curadores a tomarem.
Se preparava para partir atrás de Lázarus quando foi bloqueada por Sol e Valentina.
- Sabemos o que pretende, mas pedimos que fique aqui e cuide de Par Adenai, e de suas defesas, caso eles venham para ataca-la – falou Valentina.
- Os drag?es daqui v?o defender Par Adenai e...
- Mas, você precisa ficar, minha querida – falou Valentina, segurando com carinho seus bra?os. – Você n?o conseguirá ajuda-lo nesse estado. Confie em Lázarus, por favor. Tenho certeza de que ele sabe o que está fazendo.
Ariel suspirou fundo, e viu a intensa preocupa??o nos olhos dos três, pois Arrivandro se aproximara, atento à sua face.
Ariel passou os olhos pelos Set Phai que ainda chegavam, e seu cora??o deu uma tremida. Eles vinham calados, as armaduras queimadas e rasgadas, e mostravam incontáveis ferimentos pelos corpos. Depressa voltou os olhos, contando os que voltavam, e seu cora??o se espremeu de dor, vendo o quanto deles n?o haviam retornado. Viu duas vigilantes socorrendo um vigilante que era sustentado com dificuldade por um outro, aliviando sua carga.
Em silêncio as descendo no acampamento.
Curupiras, caiporas, vigilantes e caititus e queixadas rapidamente foram cuidando deles, dando especial aten??o aos que estavam em perigoso estado.
Após conferir que todos estavam recebendo os devidos cuidados, estendeu mais uma vez sua energia, mas ainda n?o conseguiu encontra-lo. Resignada ficou sobre um monte, ao lado do acampamento, aguardando, o cora??o batendo dolorido e preocupado. Ele devia estar oculto, tentava se tranquilizar.
– Está bem, vou esperar por Lázarus aqui – cedeu, se abra?ando em Valentina e Sol, que sorriam amorosas.
Foi nas primeiras horas do dia seguinte que ela, subitamente, o viu surgir sobre as Montanhas da Passagem. E ele n?o estava sozinho: com ele vinha Mulo. Desconfiada sondou o ch?o da floresta, e viu que Avenon os seguia.
Depressa surgiu ao lado deles. Com pesar viu todo o sofrimento e esgotamento em Lázarus. Rapidamente o envolveu em sua energia, o que lhe deu certo conforto, denunciado por um sorriso gentil e uma express?o de alívio.
- Isso foi inesperado – falou Ariel, tirando a armadura de Lázarus com muito cuidado. Em dor viu ferimentos muito profundos nas costas e no lado esquerdo do AsaCortada, alguns que chegavam mesmo a mostrar os ossos. Mais que depressa deu aten??o a eles, porque Lázarus estava t?o enfraquecido que iria demorar demais para se restabelecer.
Com prazer viu o encontro de Avenon e Sol, e também de Mulo e Valentina. Suspirou satisfeita.
Mais ainda quando, de acordo que Lázarus ia melhorando, seu estado de animo também se elevava.
- Aquela foi só a primeira carga – contou para Ariel e para os anci?os, que estavam ao lado, aguardando o relatório. – Uma segunda carga veio algum tempo depois, quase que totalmente dos drag?es das sombras. N?o sei como conseguimos sair de lá vivos – falou, os olhos se perdendo nos companheiros ao longe que continuavam a receber intensos cuidados. – Eram perto de oitenta, essa segunda leva.
- Continua ainda acreditando que n?o devemos convocar os drag?es? – quis saber um grande lobisomem, os modos tranquilos e pensativos.
- N?o decido por eles, meu amigo. Eles se envolvem nas guerras que julgam que devem interferir. Soube que iriam se envolver nela, para defender Par Adenai... – sussurrou.
- Essa é uma verdade. Mas, conseguiu descobrir porque esses que os atacaram resolveram se envolver?
- Isso aconteceu porque eles foram ludibriados, porque os que puseram os olhos sobre eles sabiam que seus espíritos, dos sombras e dos vermelhos, s?o naturalmente guerreiros.
- Onde você esteve, quando se apartou dos Set Phai, Lázarus? – Ariel perguntou desconfiada. – E como encontrou com Avenon e Mulo, que estavam nas batalhas do sul?
- Convoquei uma assembleia de drag?es, de quase todas as espécies, e me apresentei perante eles. E Avenon e Mulo foram chamados pela assembleia.
- Por que?
- Porque eles foram acusados – declarou.
- A assembleia tinha conhecimento de algo, que n?o esclareceram, mas que envolvia os dois. Quando eles chegaram apenas pediram permiss?o e os olharam, e se deram por satisfeitos.
- E???
- Os drag?es s?o assim. Disseram que tudo seria esclarecido, por aquele que devia esclarecer.
- Ent?o devemos entender que tudo está resolvido? – perguntou o lobisomem. – Eles v?o lutar ao nosso lado?
Lázarus o observou, o aspecto cansado.
- Eles me ouviram com bastante aten??o e respeito.
- E ent?o?
- Eles apenas disseram que tudo seria esclarecido.
- Só isso? – assustou-se um curupira, as cabeleiras se avermelhando.
- Sabe como eles s?o. De certa forma se parecem muito com as harpias, com as quais vocês est?o bem familiarizados. Elas tomam as decis?es delas e só.
O curupira se preparava para reclamar quando novamente ouviram trombetas soando de todos os lados. Eram sons de uma urgência extrema, e rapidamente todos se foram, tomando posi??es de batalha.
Todos se ergueram e foram para a varanda.
Ao longe, uma grande quantidade de drag?es avan?ava.
Logo o céu em torno de Par Adenai estava cheio de aves de guerra e vigilantes e pessoas aladas, e os espa?os entre as árvores repletos de seres em tocaia. E, por todas as varandas, todos os drag?es se mostravam em alerta.
Um urro medonho dos drag?es de Par Adenai se elevou, e todos sabiam que era uma advertência para os que se aproximavam. Lázarus olhou para cima e se preocupou, porque os drag?es estavam, todos eles, com as gargantas em brasa, e se preparavam para voar para a guerra.
Ent?o, para surpresa de todos um som, como de trombetas suaves e distantes veio pelo ar e encheu os espa?os.
Um silêncio terrível se fez, e todos prestaram aten??o nos drag?es de Par Adenai, e ficaram confusos, ao ver que eles iam, lentamente, se acalmando.
Lázarus, intrigado e confuso com a rea??o dos drag?es, se virou para examinar os que se aproximavam. Levou um choque imenso quando viu o imenso drag?o que vinha logo à frente da esquadrilha.
Tomado de extrema urgência se virou para os seus.
- Levantar armas – gritou, arrumando em seu corpo os peda?os da armadura que ainda tinha. - Aprontem seus escudos – gritou ainda mais alto, virando-se para examinar o grande drag?o vermelho que apresentava um grande talho numa asa e num ombro.
Denatiel sempre foi considerado um dos maiores guerreiros da luz. Determinado e duro, chamado por muitos de “o disciplinador”, pela forma dura como combatia a escurid?o. Mas, também, era reconhecido a enorme luz que o possuía. Será esse anjo, já na sétima era, que assumira o nome de Miguel.
Batalh?o composto pelos dranians de maior ferocidade e honradez, aumentado com muitos dahrars e nefelins de poder.