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Insolúvel

  - Eu... - Ichika estava come?ando a contorcer os dedos quando finalizou a mentira - Eu estava caminhando.

  - Meia noite e meia?- Rebateu Scarllet ao ajustar o coque.

  - N?o é todo mundo consegue dormir - Ela seguiria em frente se ela realmente tivesse ido caminhar, mas era só uma mentirinha - E você? Está na mesma situa??o que eu, o que houve?

  - A Riley... - a respira??o de Scarllet estava come?ando a ficar mais pesada, Ichika observou isso - Ela tá dando uma de engra?adinha, já era pra ela estar em casa!

  - Mas ainda é meia noite, tipo? Quem volta meia noite de uma festa?- argumentou Ichika, na ultima festa que ela foi, à meia noite, a festa ainda estava come?ando.

  - A quest?o é que eu a conhe?o, sem contar que ela me mandou muitos áudios, me pedindo pra buscar em um lugar, dai eu ia e ela n?o estava, e já em seguida pedia para me buscar em outro lugar - ela estava come?ando a ficar trêmula, Ichika concluiu que poderia ser de frio, ela estava apenas de shortinho com uma blusa de cetim- e na maior parte dos áudios ela estava com aquela voz de embriagues... tenho medo de que ela fa?a alguma merda.

  As duas se entreolhavam, Ichika n?o queria se intrometer, e Scarllet estava t?o pasma com Riley que a todo o momento seu olhar variava entre a rua e a esquina atrás delas, a boca de ichika estava come?ando a ficar seca, ela queria ajudar Scarllet, mas ela n?o sabia o que fazer, e no meio de toda essa desordem nos pensamentos alguém a telefona. Mais que depressa, Scarllet revira os bolsos em busca do celular, que na identifica??o estava "Riri??" e com isso ela já sabia que sua tentativa de pergunta havia ido embora, Scarllet atende, e suas m?o tremem assim como seus lábios.

  - RILEY! - grita como se Riley estivesse a quadras de distancia.

  - oi? - Pergunta uma voz do outro lado da linha, e logo depois vem vários barulhos de coisas diversas. - EU N?O SOU A RILEY N?O - responde a voz, obviamente bêbada pelo tom.

  - PARA DE BANCAR A ENGRA?ADINHA RILEY EU SEI QUE é VOCê, ANDA! - Scarllet estava quase quebrando o celular com as m?os.

  - AHHH, é a Scarllet né? - isso a fez revirar os olhos, segundos de conversa para ela perceber quem era.

  - Sim, sou eu, agora vamos Riley, pelo amor de Deus me fala - Suspira por pouco tempo - Aonde você ESTá!

  - Eu sou a Rebecca, amiga da Riley - responde a voz, Scarllet arregalou os olhos, certamente estava com tantas perguntas que pelo visto essa Rebecca teria que responder.

  - E ent?o quem estava me mandando as localiza??es? - o nervosismo era absurdo, suas unhas estavam come?ando a serem mordiscadas pela própria dona, que variava entre passar a m?o do rosto e trocar o celular de m?os.

  - Era ela mesmo, talvez, porquê sempre que a gente chegava em um lugar diferente, ela ficava no celular por alguns minutos e depois logo pedia pra gente ir pra outro lugar - A liga??o estava horrível, era de um chiado atordoante que faria qualquer um perder a paciência se fosse uma liga??o normal.

  - E vocês est?o aonde agora? - Enquanto esperava a resposta, Scarllet come?ou a observar outra coisa: sua bateria estava acabando - Caralho, cinco por cento!

  - Quer ligar pelo meu celular? - interveio Ichika, com ele já em m?os e desbloqueado, apesar de ter setenta e cinco por cento de bateria, era o suficiente para continuar a liga??o.

  - Rebecca, eu vou ligar pra você de um número diferente, é PARA ATENDER OK? - berrou ela enquanto digitava o número no celular de Ichika.

  Ela discou e observou seu celular rapidamente se esvair de bateria, enquanto esperava a tal da Rebecca atender, ela demorou um pouco mas atendeu as recomenda??es, agora com um sinal um pouco melhor dava para escutá-la com perfei??o.

  - Aonde você está agora? - Indagou mais uma vez a ela.

  - Estamos perto daquele parque em frente a escola Okamisawa - aquele era o parque mais perigoso de Aomori "Belo lugar pra uma loira gringa e burra se meter" pensou Ichika consigo, Scarllet a lan?ou um olhar de espanto, ela n?o sabia aonde ficava aquele lugar, mas Ichika sim.

  - N?o deixem ela sair daí - ordenou ela, enquanto pegava a chave que abria a garagem.

  - Ela n?o vai, arranjou briga com a Kiyumi - Scarllet n?o fazia a menor ideia de quem era Kiyumi, por outro lado, Ichika ficou branca como giz, só n?o sabia quem era, como, sabia que era uma das maiores traficantes de Aomori.

  - Mitsue Kiyumi vai acabar matando ela! - Gritou Ichika, Scarllet se arrepiou no auge da situa??o, ela n?o sabia se desligava a liga??o, se ia pegar sua moto ou se dizia alguma coisa para a outra pessoa.

  - Segura ela ai, até eu chegar - ela havia desligado a liga??o, n?o adiantaria nada ela ficar ali, n?o resolveria o problema, ela tirou sua moto da garagem, mesmo que a situa??o estivesse instável Ichika n?o deixou de notar a R1 de Scarllet, era uma moto bonita, pelo visto, bem diferente do dia da ponte, provavelmente aquela era de Riley, mas era o tipo de motor que estava sumindo fazia um bom tempo, era praticamente da cor original de vendas, vermelha e branca, trabalhada nas latarias, e com alguns adesivos ingleses e americanos, tinha até uma big apple. Enquanto Scarllet fechava a garagem Ichika já estava praticamente montada na moto.

  - Bem, acho que eu vou dirigir Ichika... - Ela n?o havia respondido nada, logo que virou o rosto para Scarllet deu partida na moto.

  - Deixa eu dirigir, sei onde é - Scarllet parou de argumentar, e logo estava em cima da moto, que de súbito, disparou.

  A sensa??o de ter os bra?os de Scarllet ao redor de sua cintura era tudo o que era queria sentir, mas for?ava-se a esquecer os arrepios que ela causou, seus cabelos estavam ao vento, podia vê-los pelo retrovisor eles se ondulando, pretos que acabavam absorvendo a cor amarela dos postes, as ruas estavam vazias, só dava para escutar o ronco da moto, que atravessava a cidade como um raio vermelho, ela jurava que a qualquer minuto a polícia apareceria e a prenderia, ambas estavam sem capacete, e ela só notara aquilo agora, que lhe faltavam cerca de uns quarteir?es para chegar naquele maldito parque.

  ???

  - Você parece aquelas lutadoras de sum?, é gorda igual! - Berrava Riley para Mitsue, que estava encostava em uma árvore, com cerca de doze pessoas de gêneros variáveis ao seu redor.

  - Bate nela porra! - gritou um de seus capangas que já estava de punhos cerrados. Ao ver que ela n?o se moveu nem um milímetro ela logo se antecipou - EU VOU Lá!

  - Eu n?o vou me rebaixar no nível dela, e n?o sinta uma dor que nem é sua, fique aonde está, que poupará seu tempo - murmurou Mitsue enquanto dava outra golada em seu saquê, realmente, no estado em que Riley estava era de se constranger, n?o falava nada com nada, ela praticamente gritava ao falar e havia perdido todo o equilíbrio, ela estava a um bom tempo à provocando com insultos e brincadeiras.

  - Me rebaixar no seu nível né? - aquilo havia saído t?o errado que ela mesma teve que corrigir, ela estava misturando o inglês com o japonês que era patético de se ver - Se acha que é perca de tempo brigar comigo ent?o vem caralho!

  - Eu n?o gosto de gente americana - rebateu ela enquanto ajeitava as costas na árvore.

  - E eu n?o gosto de banha! - Berrou de volta. Aquilo realmente mexeu com ela que se p?s de pé, ao ver essa atitude ela ainda continuou - Vish, ela consegue se levantar sem um guindaste! Tá explicado porquê tem tantos ajudantes, agora eu entendi, pra levantar essa tonelada ai!

  - Eu vou acabar com você garota, já me irritou o bastante! - disse largando a garrafa de lado e caminhando em dire??o a ela. Seu amontoado de gente a seguiu fazendo um círculo em volta das duas, ela cerrou os punhos, o rosto de Riley se estampava em um sorriso, daqueles sádicos, ela estava absurdamente fora de sua sanidade, seus olhos imploravam por uma surra e quando se preparava para o primeiro golpe uma voz a fez parar.

  - EI! ESPERA! N?O PRECISA BATER NELA! - Gritou Ichika enquanto atravessava a barreira humana que havia se formado em volta das duas. - Ela n?o vale tanto a pena assim - disse rindo de nervoso.

  - E por quê n?o? - rebateu ela se afastando um pouco.

  - Bem, você n?o percebeu? - prosseguiu ichika - Ela n?o é daqui, ela é gringa!- isso a fez arquear as sobrancelhas - E você mal deve imaginar o que isso causa para pessoas como você, com todo o respeito claro, mas, isso só facilitaria a polícia a te achar, afinal, você ainda n?o tem motivos aparentes para ser procurada, mas se fizer isso, você vai conhecer a famosa xenofobia, e garanto que eles ter?o motivos o suficiente pra isso. - ela finalmente tinha parado de falar, e a olhava nos olhos, eles eram de um castanho claro que lembravam muito madeira, mas ela realmente estava com medo, e seus olhos lan?avam isso a ela.

  - Ela é o quê sua? - murmurou com rispidez, e a resposta logo veio.

  - Bem, minha nada, mas - ela soltou um suspiro - para a namorada dela, é muita coisa, vamos lá, pega leve, elas sequer entendem o que estamos falando, a namorada dela talvez, mas ela... sequer sabe alguma coisa, vamos deixar essa intriga de lado. - Aos poucos Mitsue foi se afastando e dada as costas para Ichika, logo aquilo estava acabado. - Vocês já podem ir indo embora junto, se n?o se importar... - disse se virando para Riley.

  Ela n?o havia virado por completo quando um punho atingiu seu nariz com uma for?a descomunal, a fazendo cambalear para trás obscurecer sua vis?o por alguns segundos.

  - Tá MALUCA? SUA IDIOTA! - gritou Ichika enquanto sentia um gosto amargo entrar na sua boca, era, sangue, seu nariz estava jorrando sangue demais - EU SALVEI VOCê, SUA OTáRIA!

  - Eu confundi você com ela... - N?o eram parecidas em nada, uma era gorda enquanto a outra era mediana, uma tinha uma tatuagens por todo o corpo enquanto a outra n?o tinha nada, uma havia raspado o cabelo na lateral enquanto a outra o prendia em um rabo de cavalo, ela só n?o estava tapada, como estava mais idiota que o habitual - é, realmente achei quem eu queria de verdade bater... Você! - Disse isso com os punhos cerrados, Ichika estava irritada, nem gostava tanto dela, e quando tenta ajudar a criatura vai e faz aquilo, ela queria morrer.

  - Eu n?o quero bater em você - Responde Ichika tentando segurar o sangue do nariz com uma m?os, ela estava se distanciando conforme Riley andava ao seu encontro com m?os em punho.

  - E VOCê ACHA QUE EU LIGO? - Gritou ela, seus olhos estavam pateticamente tentando se concentrar em Ichika que estava na sua frente, porém a sua mente estava em uma luta imaginária na qual ela gesticulava e dava socos no ar. - Você pegou uma coisa que é minha! - disse lutando contra a fonética americana.

  - Eu n?o quero brigar com você - argumentou com as m?os cerradas, porém com um gesto desafiador de Riley se obrigou a gritar, logo que ela estava com a m?o nas orelhas, as inclinando para frente - EU N?O QUERO BRIGAR COM VOCê! MAS ACHO QUE VOU TER QUE FAZER ISSO!

  Na distancia as separavam, mas n?o seria muito difícil a muvuca acabar empurrando as duas, eles sim estavam encurralando elas, Ichika estava respirando fundo, embora nunca se envolvesse em brigas ela já podia imaginar como aquela terminaria, nela simplesmente dando as costas e dizendo que talvez numa próxima ela revidaria, ela estava preparando a sua deixa, quando é empurrada por trás, a distancia entre as duas diminui e os gritos insistentes implorando por briga, come?am a vir como uma onda, sua cabe?a estava come?ando a ficar tonta novamente, era muita gente, pessoas que estavam anteriormente nos arredores come?aram a querer ver do que se tratava, até que uma voz mais alta se destaca no meio daquilo tudo, Mitsue se erguia no trepa trepa, que era o ponto mais alto do parque.

  - Bem, se forem brigar é melhor que essa muvuca se espalhe - um simples movimento com o bra?o foi o bastante para que todos as deixassem no meio do parque, se sentando em alguns bancos ou em alguns brinquedos, elas estavam em um ringue e pelo visto, ela só sairia dali uma vencedora ou perdedora - Ent?o, QUE A MELHOR VEN?A!

  Antes de encarar novamente Riley, Ichika se deparou com uma pequena movimenta??o, Scarllet estava sendo segurada por um dos capangas de Mitsue, ela berrava coisas como "me soltem" e "Eu sei que ela n?o está bem, deixem ela comigo" seu rosto estava vermelho e as lágrimas saiam como um rio de seus olhos, ela queria desistir, mas n?o podia.

  Ela alinhou os punhos na altura dos ombros, e distanciou os pés, aquilo foi praticamente uma afronta para Riley que correu em dire??o a Ichika, o punho acertou o rosto, quase deslocando a mandíbula, fazendo Riley quase despencar no ch?o - é assim que se dá um soco!- disse Ichika enquanto retomava a sua posi??o de início, Riley se p?s de pé, mesmo com certa dificuldade, correu em sua dire??o pronta para a apunhalar, Ichika deveria ter previsto que o golpe a atingiria novamente no rosto, porém o desvio foi o suficiente para que uma for?a muito maior a atingisse no abd?men, a fazendo se ajoelhar em meio aos paralelepípedos da pra?a, um chute a atinge na cabe?a a fazendo cair de vez, a vis?o turva lhe dá uma desvantagem tremenda. No topo do trepa trepa Mitsue ainda estava observando a briga, já n?o em pé, mas sentada nas barras do brinquedo.

  - Pra quem está torcendo? - questiona um dos capangas, aquele que se disp?s a dar um soco em Riley.

  - Pra japa lógico! - diz com convic??o, uma resposta um tanto absurda para a cena que estava diante de seus olhos.

  - Para de ser burra, ela n?o vai ganhar - respondeu com certa perspicácia. - achei que ela ganharia, mas está levando tantos chutes que até fica mais fácil saber quem sai ileso dessa.

  - Eu disse que ela vai ganhar, e ela vai ganhar - A cena se desenrolava em Riley chutando Ichika em todos os cantos possíveis. Um suspiro sai de Mitsue, talvez muita burrice achar que a 'Japa' venceria.

  Os chutes vinham de todos os lados, mas alguma hora ela teria que parar, e parou, Riley se agachou bem ao lado de Ichika - Pra alguém que estava louca pra me vencer, até que você fica bem de tapete - aquela foi uma das frases que ela pode terminar, antes que um soco a atingisse na boca, e uma rasteira a derrubasse. Ela estava de volta, e de forma rápida se p?s em cima da oponente a enchendo de socos que estavam come?ando a respingar sangue, seus olhos estavam envoltos de raiva, ela estava sendo humilhada demais, e agora estava descontando tudo. O momento era dela, Riley estava vivenciando toda a sess?o de espancamento, até algo a fazer parar. Os gritos angustiantes de Scarllet que agora estava amarrada a uma das barras do trepa trepa por um cinto que a prendia pelas m?os, aquilo cena era comovente, a fazendo diminuir a for?a e a frequência dos socos aos poucos, até Riley retrucar novamente com um tapa de m?o aberta no rosto, a fazendo sair de cima. Agora em pé aproveitava para jogar insultos enquanto levantava Ichika pelos cabelos.

  - Solta o meu cabelo - murmura Ichika, enquanto ficava de joelhos, segurando o punho Riley.

  - Eu n?o ouvi! - disse erguendo ainda mais o bra?o fazendo o rosto das duas ficarem na mesma altura, naquele momento Ichika sentiu como que um raio a provoca??o de Riley, o sorriso sádico agora era manchado por sangue, o sangue que antes saia do nariz já havia secado, e agora, o perigo tinha ido embora com a no??o.

  - Eu disse... - come?ou enquanto mudava a posi??o das m?os para o cotovelo e o pulso de Riley - PRA SOLTAR O MEU CABELO, VADIA DO CARALHO! - gritou por ultimo, acrescentando for?a o suficiente para fazer ela soltar, enquanto ela gritava pelo nervo que agora estaria lesionado, ela se ergueu totalmente, passando assim a perna por trás dela pressionando com uma for?a absurda o joelho contra o de Riley, com o cotovelo em seu peito, o resultado era a queda. Riley explodiu no ch?o, enquanto Ichika buscava recolocar o rabo de cavalo no lugar o "público" foi a loucura, e enquanto muitos desacreditaram, Mitsue apenas lan?a um breve e quase imperceptível sorriso, e logo levanta todos em coro um apelido para substituir o nome enquanto n?o sabia.

  - VAI JAPA! - grita ela mais forte do que todos os outros, a respira??o pesada de Ichika parece diminuir e o sangue a fluir melhor, ela se distancia de Riley pra poder respirar melhor o ar gélido que corrompe o ambiente, ao olhar para o lado, Riley está estirada no ch?o, um grito corrompe todo o momento de glória. Scarllet. Ela havia conseguido se desprender do cinto, que causou uma marca vermelha em contraste com sua palidez, sua pele descoberta parecia n?o sentir o frio cortante, suas lágrimas pareciam sair quentes de seu rosto. Em meio a toda a cena melancólica e romantica das duas, o momento ainda era de Ichika, e como se n?o bastasse, um novo apelido veio pela falta de um nome - ESSA é A PANTERA DE AOMORI! - continuava Mitsue que agora tudo o que ouvia era o novo apelido "pantera".

  Scarllet havia esfolado os pulsos na tentativa de conseguir tirar Riley dali e agora ela a estava ajoelhada a acolhendo, como se despedisse dela, colocou sua a cabe?a em seu colo e come?ava a prece da despedida.

  - O que eu falei pra você? - disse lutando contra a voz que insistia ser cortada pelos solu?os - Eu disse que era pra você estar em casa e mesmo assim, insiste em arranjar confus?o! - Riley estava com os olhos fixos aos dela, mesmo que confusos sabiam que alguma coisa estava errada, algo que n?o deveria ser real, queria que fosse solúvel, prático, mas aquilo era insolúvel. Sua boca estremeceu, ela estava esperando uma resposta.

  - Sempre assim, é muito fácil você me dizer que eu fa?o, é a senhora perfeita! - por um instante, os olhos chegaram a lacrimejar, talvez fosse o álcool - Você n?o vê que eu fa?o isso por você? - disse levantando a m?o a secando inutilmente as lágrimas de Scarllet.

  - Eu tenho sempre que te manter na linha Riley, o que te faz achar que isso é amor? - a pergunta foi inútil, o rosto antes abatido deu lugar pra uma frustra??o.

  - Você nunca faz quest?o dos meus esfor?os, sempre diz que eu sou o problema - resmungou enquanto se levantava com dificuldade, deixando Scarllet de joelhos sobre o granito - Eu vou fazer isso queira goste ou n?o, é por nós.

  Logo que se levantou, abaixou para pegar algo que reluzia no ch?o. Vidro. Ela caminhava ainda tonta da queda, o caco estava em punho, enquanto Ichika estava tentando assimilar o que realmente ela estava fazendo, ela dispara, por um reflexo a m?o de Ichika se ergue em dire??o ao punho em que estava o caco, porém a euforia para se desprender o punho é tanta que um pouco de sangue é derramado nisso, e o punho que segurava mais forte cede, Ichika ainda tenta recompor-se observando a m?o jogar um sangue quase que infinito, e se distancia um pouco, Riley ainda com o caco em punho resolve retornar para atacar em outro lugar, mais exposto que a m?o. Sua perna. Ela a agarrou na coxa, Ichika estava tentando se desvencilhar dela, mas ela a apertava contra si, e numa tentativa inútil tentava cortar a pele de Ichika com o caco. A única coisa que podia fazer aquele momento era bater na cabe?a dela, nocauteá-la, com a m?o em punho, deu murros entre o pesco?o e a nuca. Ela caiu. O corpo estava no ch?o, os olhos semicerrados, parecendo dormir, embora momentos antes estava prestes a matá-la. Ichika soltou um suspiro antes de ser aclamada por todos ao seu redor, Mitsue a abra?ou com aqueles bra?os fortes e robustos, ela estava se sentindo tonta o suficiente para que depois daquele abra?o sufocante quase desmaiasse no ch?o, quando ela menos se deu conta estava nos bra?os daqueles que estavam torcendo por ela, ainda atordoada procurava por uma pessoa. Desceu dos bra?os daqueles que pouco importavam para ela. Scarllet estava ajoelhada ao lado do corpo de Riley, ainda chorava, mas agora muito mais.

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  - Ela está bem? - perguntou se aproximando - Ela... vai ficar bem? - Disse ainda a uma certa distancia. Scarllet se levantou, e come?ou a se aproximar. Elas estavam frente a frente, os olhos de Scarllet estavam vermelhos, ainda dava pra ver os tra?os de lágrimas que haviam se secado, mas ainda tinha uma fonte que renovava tudo novamente, Ichika a observava com ternura, estava prestes a dizer outra coisa quando um tapa lhe preencheu o rosto, e esse tinha sido com ódio.

  - VOCê AINDA PERGUNTA? - gritou para Ichika - VOCê QUASE MATOU ELA... - Scarllet fora entrecortada por um suspiro, mais lágrimas caíam - é HIPóCRITA O SUFICIENTE PRA VIR AQUI VER COMO ELA ESTá!

  Ichika estava paralisada, n?o pelo tapa, ele n?o doera muito, mas foi mais forte do que a sess?o de espancamento que tinha passado, ela respirou fundo e deu as costas para Scarllet. A conversa tinha terminado ali.

  ???

  - E ent?o o que quer que fa?amos? - Indagou um dos socorristas a Scarllet. Um homem negro e alto, retirava as luvas e vasculhava os bolsos a procura de seu isqueiro. Scarllet solta um suspiro enquanto toma a decis?o.

  - A gente sabia que era você a partir do momento que a gente ouviu falar sobre o incidente - comentou a outra socorrista enquanto saía da ambulancia - Ela teve um coma alcoólico, mas vai ficar bem.

  - Melhor assim - disse Scarllet enquanto notava um volume no seu bolso, o celular de Ichika - Bem, acho que terminamos por aqui, vou pegar minha moto e já vou pro hospital.

  O parque em um geral n?o era t?o grande, mas demorou um tempo para encontrar Ichika novamente, e quando a encontrou ela estava sentada em um banco, apertando a faixa que haviam posto em sua m?o enquanto olhava fixamente para uma máquina de refrescos.

  -Ichika... Parece que você deixou isso comigo. - Disse tirando o celular do bolso e o estendendo para ela, que o pegou e retornou para a transe de início. - A Riley deu um soco muito forte em você?

  - N?o. - respondeu Ichika finalmente, olhando nos olhos de Scarllet.

  - Ent?o por que o sangue já secou, e você ainda n?o limpou o nariz? - disse sufocando uma risada. Ela se levantou e molhou a m?o em um bebedouro próximo. - deixe eu limpar isso. - completou enquanto limpava o sangue do rosto de Ichika. Os olhos das duas se encontraram, e mesmo relutante, Ichika sentia-se atraída. A atmosfera estava esquentando, dava para perceber. Até que Scarllet parou de limpar, com as duas m?os ainda no rosto de Ichika passou a olhar nos seus olhos, a proximidade das duas era tanta que quase dava para sentir a respira??o dela.- Eu acho que já limpou o suficiente. - disse Scarllet se levantando e caminhando em dire??o ao bebedouro, ela estava lavando as m?os quando o silêncio retornou. Ela se sentou novamente no banco olhando para frente quando o silêncio permaneceu no lugar.

  -Ent?o... eu queria pedir mil desculpas pelo que a Riley fez com você... - Come?ou Scarllet. Porém fora interrompida por ichika.

  - N?o - respondeu ríspida.

  - Como assim... n?o? - murmurou surpresa pela resposta inesperada.

  - Eu n?o aceito suas desculpas - repetiu ela.

  - Mas... - sussurrou Scarllet ainda incrédula pelo que estava escutando.

  - Eu só aceito as desculpas - disse se virando para Scarllet - Vindas da Riley.

  - Mas a Riley n?o está em condi??es de pedir desculpas para ninguém! - disse aumentando o tom de voz.

  - Eu sei, mas eu n?o quero aceitas as desculpas vindas de alguém que n?o seja ela. - Concliu Ichika.

  - E por quê n?o? - Indagou com mais dúvidas ainda.

  - Bem, se a Riley estivesse no seu lugar ela n?o pediria desculpas - disse a fitando nos olhos. - Ela n?o estaria se humilhando do mesmo jeito que você.

  - Se você quase n?o A TIVESSE MATADO ela pediria - Respondeu reagindo, agora a luta era séria, os olhos das duas travavam uma batalha imensa, Scarllet com seus olhos verdes estavam com as íris desorientadas, enquanto Ichika era um mar negro a ser descoberto.

  - Ela me deu o tapa primeiro! - Disse Ichika aumentando o tom da voz aos poucos.

  - VOCê A ESPANCOU! - gritou Scarllet se segurando para n?o pular nela.

  - EU PODERIA TER ACABADO COM AQUILO RáPIDO O BASTANTE PARA NENHUMA DAS DUAS PERCEBER! - berrou de volta com mais vontade - ELA BATEU MAIS EM MIM DO QUE EU NELA.

  -EU N?O PEDI A SUA AJUDA! - gritou alto o bastante para um morto ouvir - Eu ODEIO pessoas como você, ODEIO!

  - Odeia pessoas que fazem você ver a realidade em que se encontra? - Murmurou em um som audível - Você pode me chamar do que quiser, mas, eu imagino que a Riley e você tem muitas amigas... mas nenhuma estava ali.

  Scarllet projetou uma frase mas a voz n?o veio, seria como discutir com a verdade, e o que Ichika estava falando era verdade, se Riley tivesse parado naquele único soco tudo estaria resolvido, Ela realmente queria a emo??o da briga, ela queria um pouco de sangue. Como ela n?o achava resposta come?ou a chorar. O silêncio se resumia em uma mulher chorando pela desgra?a que lhe havia acometido e outra com o rosto impassível em um silêncio arrematador, porém com a mente mais turbulenta que o oceano.

  - Eu n?o entendo como ela pode fazer isso com você - Disse Ichika quebrando o silêncio. - Ela praticamente te fez atravessar a cidade atrás dela pra simplesmente te ignorar quando você só queria ajudar.

  - Você tem que entender que ela n?o fez por querer... - disse entre solu?os. - Ela estava bêbada Ichika.

  - Olha eu n?o quero me meter na sua vida mas... - Ela respirou fundo, mas tinha que dizer, queria uma amizade mas, n?o dava pra fazer nascer de uma faca um pé de rosas, era a verdade - Você consegue ser mais ridícula que ela passando pano pra tudo isso.

  - Quem é você pra me dizer isso? - Disse se sobrepondo a voz de Ichika - Você está aqui por que você quer estar, eu n?o te obriguei a vir, eu só precisava do celular, muito obrigada se eu n?o pude te agradecer, mas você se submeteu a vir aqui e apaziguar tudo como uma juíza, mas eu n?o pedi sua ajuda.

  - N?o mesmo, e olha, n?o sou ninguém pra me meter, mas quero deixar claro que por você, as duas estariam submetidas a ter que enfrentar aquela gangue sozinha. Podem até ser estrangeiras, mas perto deles vocês n?o tem voz nenhuma. - rebateu Ichika.

  - Você bateu nela sem dó nenhuma! - berrou Scarllet.

  - Eu n?o queria bater nela! - Gritou Ichika mais alto ainda - Eu n?o bati nela, ela bateu em mim primeiro, se você pelo menos soubesse o que significa um tapa no rosto durante uma situa??o daquelas você n?o estaria aqui defendendo ela atoa, porquê ela está errada!

  - Você quase matou ela. - murmurou novamente Scarllet enquanto abaixava a cabe?a e gotas amea?avam voltar a molhar as pernas quase nuas.

  - A culpa n?o é minha - continuou Ichika diminuindo o tom de voz. - Ela deixou você sem satisfa??o nenhuma pra se divertir sozinha com as amigas dela, caramba será que você n?o percebe que está aguentando tudo sozinha?

  - E é assim que você me ajuda? - perguntou levantando a cabe?a enquanto a fitava com os olhos se desmanchando em lágrimas

  - Eu n?o quero mentir pra você e dizer que está tudo bem - respondeu a olhando nos olhos - Eu n?o sou nada sua ok, mas pra evitar que diga que eu n?o fiz nada por você eu estou dizendo que fiz, eu tive que apanhar dela pra eles n?o a terem que matar, porquê se ela continuasse naquele rítimo, ela estaria morta.

  - Você realmente se importa pelo o que eu estou passando? - Perguntou Scarllet.

  - Se eu n?o me importasse eu n?o ficaria aqui, do seu lado. Bateria nela por vingan?a e seguiria em frente - Ichika suspirou - O que eu fiz foi por você, só que pelos métodos errados, e mesmo que eu n?o tenha nada contra as duas parece que a Riley continua me odiando do mesmo jeito.

  - Você queria fazer com que ela a respeitasse? - Susurrou Scarllet.

  - Eu n?o procuro respeito por meio da violência, ela procurou uma briga, muito embora eu n?o ache que ela me respeitaria mesmo quase a espancando, o que eu queria era outra coisa - Disse Ichika suspirando.

  - O que queria ent?o? - Continuou Scarllet dando prosseguimento a linha de pensamento de Ichika

  Ichika olhou nos olhos de Scarllet, buscando transmitir algo além das palavras

  - Eu queria evitar acidentes - Respondeu a surpreendendo - Você estava ansiosa demais... eu percebi isso. - Ichika come?ou a fazer luas nas m?os - E se eu n?o tivesse intervindo, teríamos dois acidentes.

  - Você realmente pensou nisso tudo? - Scarllet, at?nita, parou de chorar. N?o compreendia completamente o motivo por trás de tudo aquilo, sentindo-se como se o ch?o tivesse sido retirado de seus pés. Ichika assentiu com seriedade, seu olhar revelando uma profundidade de preocupa??o que talvez Scarllet n?o esperasse.

  - N?o é só sobre mim e ela. é sobre você. - Ela fez uma pausa, permitindo que suas palavras se acomodassem no ar. - Eu n?o queria que algo de ruim acontecesse com você, e mesmo que nossas intera??es tenham sido, digamos, complicadas, eu n?o suportaria viver com a culpa de n?o ter feito nada.

  Scallet sentia como se na terra n?o houvesse mais gravidade, ela estava em outra atmosfera, na qual buscava de forma incessante a verdade por trás dos atos de Ichika. Ela n?o estava buscando a vingan?a, ela só estava tentando contornar a situa??o que Riley acabara criando e concertando tudo de uma forma mais simples. O silêncio pairou no ar o sussurro do vendo e o ranger das folhas secas no ch?o absorviam o silêncio entre as duas. Scarllet o quebrou.

  - Sim. - Disse sem ter nenhuma rela??o com a resposta dada por Ichika.

  - Sim o quê? - retrucou Ichika n?o entendendo o porquê do inesperado "sim".

  - Eu ouvi o que você disse quando você estava na frente da minha casa - Aquilo fez com que o cora??o de Ichika palpitasse mais forte, ouvir tudo significaria que possivelmente os sentimentos que ela tinha revelado apenas para as paredes tinha sido ouvido por mais alguém.

  - E qual é a sua resposta? - calmamente perguntou, embora estivesse prestes a ter um colapso.

  - Sim ichika... - Ela se virou para a encara-lá - Eu quero que você seja minha amiga. - Aquilo era um alívio. Estava aliviada por ela n?o ter escutado nada anteriormente. - Até porquê n?o é sempre que se encontra alguém que caminhe de madrugada e que resolva uma situa??o dessas como você resolveu. - Disse isso enquanto soltava a risada mais sincera. Elas riram por bastante tempo, era ridículo, pois elas riam como duas bêbadas e soltavam palavras avulsas como se algumas delas fizesse parte da piada. - Você me deu um banho de água fria como ninguém!

  -Você precisava acordar desse sonho bela adormecida, ou é exigir demais? - Perguntou Ichika com um pouco de cautela.

  - Vou comprar uma coca. - Foi tudo o que disse enquanto se dirigia para a máquina - Puta merda nem moeda eu tenho! - Isso a fez soltar uma risada sincera, das duas.

  - Eu pago vai - disse Ichika tirando o celular do bolso - Você me deve um pix, sabe disso!

  - Pode ir sonhando - respondeu sarcástica, enquanto abria a lata - Tem coisa melhor que isso? -disse dando uma boa golada na sua coca cola. Ichika preferiu que seu sorriso fosse preenchido com coca enquanto voltava se sentar no banco mais próximo.

  - Eu vou para casa - Disse ichika depois de um tempo se levantando, olhou a hora pelo celular que estava em sua m?o e o colocou no bolso do moletom - Depois você passa seu número.

  - Mas você vai sozinha? - Disse se levantando também. - é longe pra caralho!

  - Eu sei, mas eu estou caminhando ainda se lembra? - Disse rindo e come?ando a andar.

  - Vai se fuder! - gritou Scarllet enquanto caminhava em sua dire??o - Eu vou te levar sim, pode ir andando pra lá, minha moto ficou estacionada do outro lado do parque.

  No fim das contas elas caminharam até a moto, risonhas, Ichika agradeceu por estar escuro daquele jeito, seu cora??o estava acelerado e seu rosto parecia arder em chamas, Scarllet entregou subiu na moto e se preparava para dar a partida.

  - Você n?o quer que eu dirija? - perguntou mesmo sabendo a resposta que viria.

  - Você dirige bem, mas n?o - respondeu fazendo a moto ligar - Vou te mostrar o que posso fazer com a minha bebê aqui.

  Ichika subiu, n?o deu tempo de dizer nada, Scarllet disparou, t?o rápido quanto ela, mas era um momento diferente, Ichika sentiu a vontade de segurar em sua cintura assim como ela tinha feito, mas algo a impediu, a coes?o talvez.

  - NEM PERGUNTEI - gritou Scarllet lutando para vencer o zumbido forte do vento e o som do motor - AONDE VOCê MORA?

  Ichika, ainda um pouco absorta, percebeu que estava guiando Scarllet para casa, mas suas mentes pareciam ainda conectadas pelas recentes revela??es. As ruas se desenrolavam sob os pneus da R1, e as m?os de Ichika indicavam os caminhos automaticamente. A proximidade entre elas era notável, mas nenhum comentário foi feito, pois a tens?o do momento ainda pairava no ar.

  Enquanto Scarllet empinava a moto habilmente, Ichika, mesmo preocupada, n?o podia deixar de admirar a perícia da amiga. A rua se tornava cada vez mais familiar, e o trajeto que as levaria à casa de Ichika estava se desenhando.

  Ao chegarem, Ichika desceu primeiro, surpreendida pelo silêncio da moto que agora estava desligada. A casa estava diante delas, e Ichika come?ou a falar antes de ser interrompida pela súbita a??o de Scarllet, que acionou a buzina de forma exagerada.

  - YUMAAA - gritava Scarllet.

  - PARA COM ISSO! - berrou Ichika que tirara a chave da moto a fazendo desligar - Eu tenho a chave de casa.

  Scarllet se desculpou, e a aten??o de ambas se voltou para as luzes que come?avam a iluminar a residência de Ichika. A porta se abriu, revelando um homem, ainda adornado com um roup?o e os cabelos bagun?ados, com express?o rancorosa, que encarou as duas com desaprova??o.

  - Ah, n?o - resmungou Ichika, percebendo que seu irm?o mais velho, Yuma, era quem as recebia.

  As luzes da casa iluminavam o semblante sério de Yuma, enquanto ele observava as duas à sua frente.

  -Ichika, s?o 01h30 da madrugada. O que diabos vocês estavam fazendo? - questionou, cruzando os bra?os.

  Ichika hesitou por um momento antes de responder, tentando encontrar uma desculpa plausível, mas Scarllet tomou a frente.

  - Agora eu sei onde você mora YUMA! - disse descontraindo o clima.

  - Infelizmente - resmungou revirando os olhos. Algo o fez olhar para trás - Keiko, volte já pra cama!

  A garota ainda estava vestida com o pijama quando saiu, e sentindo o frio que estava do lado de fora resmungou.

  - Meu Deus, que barulheira é essa? - disse imitando a pose do irm?o.

  - OH CéUS, YUMA ESSA é A SUA IRM? MAIS NOVA? - com um gesto afirmativo da parte de Yuma, ela ficou mais animada ainda - ELA é LINDA!

  - V?o me dizer o que estavam fazendo ou n?o? - retomou a pergunta inicial.

  -Nós meio que nos metemos em um problema e Ichika me ajudou a sair dessa confus?o. Desculpe por chegarmos t?o tarde. - Respondeu Scarllet.

  Yuma n?o parecia satisfeito com a explica??o, mas antes que pudesse retrucar, Ichika interveio.

  - Yu, amanh? eu explico tudo. Só... por favor, n?o fique mais bravo.

  Yuma suspirou, aparentemente resignado com a situa??o. Ichika, que estava indo para casa, virou-se ao ouvir a voz de Scarllet,notando que ela estava com um sorriso nunca antes visto por Ichika. Ao pedir para Ichika desbloquear e entregar-lhe o celular, tudo parecia diferente.

  - Quase que eu me esqueci. - disse Scarllet, pegando o celular de Ichika - Bem, meu celular está sem bateria ent?o... Agora que somos amigas precisamos nos falar, aqui está o meu número. Tenho uma coisa muito importante pra falar amanh?.

  Ichika olhou como ela tinha salvado seu número em seu celular "Letty melhor amiga", Ichika sorriu para o celular um nome bem agradável, sentindo-se surpresa pela atitude de Scarllet. Ainda processando tudo o que havia acontecido, ela guardou seu celular novamente no bolso, agradecendo com um aceno. Scarllet sorriu, acenando de volta enquanto Ichika se dirigia à sua casa. Yuma, impaciente, esperava por ela na porta.

  - Anda Ichika. - repetiu Yuma - E você, Scarllet, trate de achar sua casa também!

  - Bem, n?o vou voltar para casa t?o cedo - Retrucou Scarllet com um tom brincalh?o. - E que baita casa em Yuma!

  Yuma fez um gesto de agradecimento com a cabe?a, enquanto Ichika se afastava. A conversa entre Scarllet e Yuma continuou por mais alguns instantes, com risadas e comentários descontraídos. Ichika entrou em casa, encarando Yuma com uma express?o preocupada fechava a porta. Ele a olhou sério por um momento antes de suspirar.

  - Quero uma explica??o pra isso Ichika. Vamos ter uma conversa séria agora. - disse Yuma finalmente fechando a porta e recolocando o roup?o no lugar

  - Eu sei, Yuma. - disse ela, já imaginando a difícil conversa que teria pela frente. Porém fora interrompida pela irm? que passeava pela sala de estar com um copo de água.

  - Vá dormir Kei! - ordenou Yuma.

  - Eu n?o, Chika me tirou o sono, vou ficar aqui, sem fazer nada - disse se jogando no sofá.

  Ichika ainda abatida resolveu subir, até olhar novamente o seu irm?o, depois teve uma brilhante idéia para contornar tudo aquilo.

  - Sabe que dia é hoje? - Perguntou ela, esperando uma resposta que n?o veio - Vamos gente eu sei que vocês s?o capazes!

  - Quarta e dai? - Disse Keiko com voz cansada enquanto mexia incessantemente em seu celular.

  - Quer dizer que amanh? você tem aula - Disse Yuma tentando inutilmente a levantar do sofá - Amanh? é quinta, você n?o pode faltar.

  - Bem, Kei, eu deixo você faltar - Disse Ichika se contrapondo ao irm?o.

  Ele a fitou com raiva e come?ou a tentar fazê-la novamente se levantar.

  - Hoje é a noite do cinema! - disse muito feliz, porém Yuma só arqueou as sobrancelhas e Keiko abafou uma risada - AHHH VAMOS, Yuma eu sei que você sabe do que eu estou falando.

  Yuma continuou com a mesma fei??o até corrigi-la

  - Noite do filme - disse com fei??o rancorosa enquanto inutilmente tentava fazer Keiko levantar.

  - O que era essa noite do filme ou sei lá o que? - perguntou Keiko ainda resistente as tentativas falhas do irm?o de tirá-la dali.

  - Bem, era uma quarta feira em que todos aqui assistiam filmes, juntos. -Terminou a frase olhando bem no fundo dos olhos de Yuma.

  - AHHH, ent?o tá fácil, deixa eu abrir a amazon aqui, e vou mostrar um dorama que EU ESTOU A-M-A-N-D-O. - Disse eufórica e procurando o controle da TV.

  - Nada de Stream - retrucou Yuma, sendo mais rápido do que Keiko em pegar o controle. - Embora Chika se lembre pouco da Noite do filme, ela sabe a essência que é! - suspirou antes de retomar a explica??o - A noite do filme, é uma noite em que você pega o aparelho de DVD e escolhe clássicos do cinema pra assistir.

  - DVD? -repetiu Keiko - Vocês s?o mais velhos do que eu imaginava.

  - Sim - Respondeu Ichika quase que nostálgica - A gente assistiu mais algumas vezes depois que a mam?e se foi, mas era muito legal, eram vários filmes.

  - Bem, pela hora, só vai dar pra assistir três filmes - Disse abrindo a porta - Vamos Ichika!

  Os dois foram para o por?o, muito embora Ichika apenas o estivesse seguindo.

  - Nem me lembrava desse por?o - disse Ichika observando ele abrir a porta que levava para lá.

  - Bem, antes aqui só ficavam as coisas de jardinagem. -Disse entrando e ligando a luz -Depois que o Pai come?ou com aquelas enormes viagens, eu comecei a guardar as coisas que ele jogaria fora.

  - Tipo? - Perguntou enquanto desviava das teias de aranha e observava as prateleiras a procura do DVD.

  - Tipo coisas da mam?e que ele jogaria fora se as visse de novo - Yuma suspirou, os olhos fixos nas fotos antigas e nos objetos que guardavam memórias de uma época mais simples. Yuma procurou nas prateleiras empoeiradas, encontrando finalmente os DVDs e CDs que estavam guardados há tempos. Ele puxou um conjunto de três filmes clássicos: "Cidad?o Kane", "Casablanca" e "O Poderoso Chef?o". Ichika, percebendo a melancolia do irm?o, aproximou-se e tocou em uma foto empoeirada.

  - A Noite do Filme era t?o especial para ela. Lembro-me de como ela ficava animada escolhendo os filmes e preparando as guloseimas. Vamos manter essa tradi??o por ela, Yuma.

  Yuma sorriu, agradecendo pela compreens?o de Ichika. Juntos, escolheram os filmes clássicos que assistiriam "Casablanca", "Cidad?o Kane" e "Poderoso Chef?o" e subiram as escadas carregando n?o apenas DVDs, mas também um peda?o do passado que unia aquela família. A noite do filme n?o era apenas uma tradi??o; era uma conex?o entre irm?os, um tributo à m?e que os unia, apesar das adversidades. Fecharam o por?o e retornaram a superfície gélida do lado de fora, foram correndo pra casa. Ao entrarem se surpreendem com um cheiro, n?o muito agradável. Cheiro de Queimado.

  - Meu Deus Kei, o que é isso? - Exclamou Ichika ao ver o caos que a cozinha estava, havia duas panelas absolutamente torradas, e um pacote de pipoca de microondas queimado.

  - Você conseguiu queimar até a pipoca de microondas? - mais assombrado que Ichika estava Yuma, prestes a ter um infarto.

  - Bem, primeiro eu tentei fazer uma das receitas da mam?e, só que deu errado - Suspirou Keiko antes de terminar a explica??o - E bem, fui terminar de ver o catálogo da amazon quando percebi que tinha configurado a pipoca por tempo demais, ent?o ela queimou. -Terminou Keiko jogando o pano de prato que estava nas m?os pro ar.

  - Tire a poeira dos Cd's e limpe com cuidado o DVD. - Disse Yuma entregando a ela um pano úmido. - Vamos ter que arrumar essas coisas né? - Perguntou ele a Ichika.

  - Acho que sim, Fique com a lou?a que eu vou preparar outras receitas fáceis aqui - Disse desocupando os espa?os e pegando os ingredientes na geladeira.

  Yuma deu uma olhadela para trás e observou de longe Keiko limpando os DVD's.

  - Acho que é uma ótima hora para termos a nossa conversa séria - retomou Yuma pegando uma panela que exigiria uma limpeza e tanto.

  - Tá o que quer saber? -Disse Ichika a ele enquanto come?ava a receita.

  - Por quê mentiu pra mim? - perguntou com tom indgnado.

  - A respeito do que? - Argumentou Ichika enquanto se desviava da pergunta.

  - A respeito da onde iria.

  - Bem, eu só queria caminhar -Disse voltando a incorporar um personagem.

  - Eu sei bem que você foi até a casa dela, caminhar é o caralho! - se contrapos Yuma, ele sempre fora bom em tirar conclus?es. - Você já sabe, ela tem namorada, e está muito bem com ela.

  - Eu n?o quero ser namorada dela, para de ser louco! - Retrucou Ichika, ele tinha sido bem certeiro, mas, ela tinha conseguido o que queria certo? Ela queria a amizade de Scarllet e conseguiu isso. - Eu só queria ser A-M-I-G-A dela, nada de mais, e sim, fui caminhar, muito embora a única rota que eu gostaria de ver um parque fosse aquela. - respondeu Ichika, retomando o f?lego, mentir para Yuma lhe gastara esfor?o.

  - Desculpa, n?o sabia que você tinha essas inten??es - disse Yuma mesmo com o pé atrás para aquela história toda.

  - Você sempre se precipita - disse ela - Além do mais, n?o t? querendo ninguém ultimamente.

  - é que eu n?o quero que você se machuque - disse Yuma com um tom de voz mais fraco - Eu te conhe?o, e sei como você cria planos muito rápido.

  - Mas eu n?o gosto de mulheres - respondeu Ichika com convic??o - Mas, obrigada pela sua preocupa??o. - Disse finalizando a primeira guloseima, S'mores, a comida preferida de Keiko.

  - Desculpa, mas sei lá, eu tenho te observado, seus suspiros involuntários e a sua cara de paisagem que demora um tempo para se desfazer - disse abatido, enquanto secava a pia com o rodinho.

  - N?o fica triste Yuma, n?o se esque?a que sábado você vai ver sua namorada -Disse abafando a risada.

  - Ela n?o é minha namorada! -Retrucou esbravejando Yuma, mas logo seus lábios eram preenchido por um sorriso e os bra?os se estendiam pedindo um abra?o de Ichika. Um abra?o foi dado, proporcionando um momento de conforto entre os dois.

  - Precisa cortar esse cabelo - Disse Ichika se desvencilhando do abra?o e mexendo nas madeixas bagun?adas pelo vento, um cabelo castanho escuro que beirava as orelhas. - Você tem que cortá-lo se for ver a sua namoradinha! - terminou rindo. Keiko apór terminada a limpeza fora beber uma água e escutara a ultima parte.

  - HMMM, Yuma... finalmente teve coragem de se apaixonar - comentou ela o provocando ainda mais - Vou contratar um carro de som para espalhar essa notícia boa.

  - Para de gra?a as DUAS - disse rindo - Vou colocar o aparelho de DVD.

  - E ent?o Ichika quem é? - Perguntou Keiko.

  - Como eu posso te explicar que uma entregadora pegou o número do Yuma e estudou na mesma escola que ele?- respondeu Ichika resumindo toda a história.

  - Cara, parece um romance de Dorama isso! - disse a Ichika - Vamos comer S'mores com doritos?

  - Me parece uma boa - Disse Ichika pegando um saco de gomas ursinho - Prefere isso ou sorvete?

  - Gomas ursinho nunca s?o a?úcar desperdi?ados - Respondeu pegando o pacote e despejando em uma bacia.

  Os preparativos haviam terminado na cozinha, os salgadinhos estavam em uma bacia assim como as gomas, mas a estrela da noite estava perfeita: os S'mores seriam devorados primeiro. Yuma, com o polegar positivo, indicava que tudo estava pronto para come?ar, Keiko escolheu o primeiro filme, aos poucos a hora ia se esvaindo e o sono os acometendo, Keiko a primeira a dormir foi levada para o quarto por Yuma. Ele e Ichika terminaram a sess?o às cinco da manh?. Ichika recolheu os pratos e os lavou, enquanto Yuma dava um breve adeus ao DVD que era desconectado, mas que permaneceria ali para outra quarta-feira.

  Embora Ichika tivesse dito uma meia-verdade para seu irm?o, ainda se sentia confusa a respeito de si mesma. Era uma amizade o que queria, certo? Porém, antes de imaginar uma resposta para isso, uma notifica??o chegou, era Scarllet. Era uma mensagem n?o muito convencional e bem direta. "Venha amanh?, oito horas." Isso fez Ichika arquear as sobrancelhas. "Ir para onde?" pensou, mas prosseguiu a leitura: "Venha ao hospital, ala 261, tenho uma coisa para dizer."

  ?momento escritor/ leitor?

  Bem, talvez eu precise dizer ao diretor do Wtpd que quero deixar a vers?o como estáKKKK, caramba, n?o para de aparecer para mudar a vers?o, como se estivesse alguma coisa de errada, uma das coisas que fazem a vida ter sentido é uma noite de filmeKKKK, eu amo, também amo o fato do Yuma ser um ótimo detetive, mas coloquem o comentário mais fiel de vocês aqui, votem pra caramba, e bom, queimem os olhos de por causa de tantas palavras que tem aqui KKKKK.

  Q vcs possam segurar na minha m?o e respirar fundo, porquê promete.

  Q vcs tenham toda a sorte do mundo??

  Com mts beijinhos da autora ★

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