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COMO LIDAR COM ESSA ESCURIDÃO? - Hora vinte e oito após a queda

  Adiantei o dedo e senti o toque da escurid?o. N?o devia ter tocado minha alma, n?o devia ter tomado consciência do que trago.

  Anael observou pensativo a pilha de corpos dos vigilantes.

  Em silêncio viu três das demianas, Sekhmet entre elas, se aproximarem dos corpos e al?ar as m?os na dire??o deles, os olhos se fechando, os pensamentos se concentrando.

  Ent?o, lentamente, viu os corpos come?ando a brilhar, até que se desfizeram, nada sobrando sobre a terra.

  Levantou os olhos para o alto do morro e viu vários vigilantes observando de lá, como viu algumas dêmonas dos submundos observando também em silêncio.

  Assim que o último corpo se desfez, sobre os morros ninguém mais podia ser visto.

  Foi ent?o que viu, sob uma árvore, um silencioso e pensativo Gadhiel.

  Sem demonstrar qualquer pressa tomou sua dire??o.

  Se aproximou e ficou ao seu lado, os olhos também pensativos, fixos ao longe.

  Em silêncio, por longo tempo permaneceram assim. N?o havia necessidade de qualquer palavra ou gesto. As sensa??es diziam por si mesmas, a energia irradiada denunciava todos os pensamentos.

  Por fim Anael inspirou profundamente e se voltou para Gadhiel, os olhos tranquilos e em paz.

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  - Realmente, meu amigo, tenho certeza que n?o tinha como evitar o que aconteceu.

  - Para isso n?o há necessidade de qualquer resposta, pois que a verdade está apresentada por si só, Anael. O que dói, o que me dói, é ter que aceitar que, em determinados momentos, é justificável que a escurid?o assuma.

  - Ela te assumiu?

  - Se matar como um instrumento sem sensa??es, ent?o sim, a escurid?o me tomou. às vezes tenho vis?es. Me esque?o de muita coisa, porque muita coisa está velada para mim. Mas eu vejo a mim, com vários outros que sinto que s?o meus irm?os, ou eram, e sei que fomos guerreiros por muitos e muitos tempos, quando descobrimos dentro da cria??o a escurid?o. Quantos mundos já foram destruídos, quantas civiliza??es já foram destruídas, quantas almas já foram destruídas e lan?adas de volta para o UM? N?o quero de volta o guerreiro que fui, Anael – confessou com pesar.

  - Meu amigo, se você tem esses pensamentos, ent?o fique tranquilo, porque a escurid?o n?o está em você.

  - Quero pensar que isso é verdade – gemeu.

  - Pois eu sei. Sabe, essa é uma das minhas capacidades, a de poder sentir e medir a escurid?o. Há vários graus aqui, em nosso pequeno grupo, mas n?o vejo, em nenhum, algo que emita um alerta. Combatemos, matamos, sabendo que, mesmo quando assim combatemos, combatemos com compaix?o pela centelha que está alojada no ser amedrontado que busca subverter e instilar nos outros o mesmo medo que o possui, para que se justifique no que o corrói. Eu sei, eu vi. O mal me afeta, e sinto-o, pois sinérgico eu sou. Sei do que estou falando.

  Gadhiel o olhou com bastante aten??o.

  - Você é um AsaLonga?

  - Sou, como a grande maioria do que agora é o nosso grupo – confessou.

  Por fim Gadhiel relaxou e sorriu, lembrando-se de algo:

  - Bhantor, Theliel e Amonet n?o s?o AsasLongas, n?o é mesmo?

  Anael riu alto e bateu nos ombros de Gadhiel.

  - Claro que n?o... Só a surra que levaram para n?o tomar o céu já declara isso, n?o é mesmo?

  Feliz, ainda rindo, tomou a dire??o do grupo perto da margem do rio.

  Anjo que n?o foi lan?ado para baixo, mas que desceu à terra por vontade própria.

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