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Capítulo 22 - Luto

  A noite abra?ava a taverna escondida sob as ruas movimentadas da cidade, onde Natalya e Maria se encontravam longe dos olhares curiosos. O ar estava impregnado com o odor de tabaco e madeira velha, e o som suave de conversas murmuradas enchia o ambiente.

  — Ent?o, você conseguiu o que queria? — Maria perguntou, brincando com um copo de bebida.

  — Sim, mas n?o foi um passeio no parque — respondeu Natalya, mostrando o peda?o vazio de seu bra?o em que sua m?o deveria estar — Além de que você n?o é lá a mais barata das informantes. Bem, n?o tenho ninguém melhor nessa cidade isolada, ent?o aqui está o prometido.

  Um saco de dinheiro caiu em frente a Maria, fazendo-a soltar um pequeno grito de alegria. Recostando-se relaxadamente na cadeira, ela acenou para o gar?om próximo, pedindo que trouxesse mais duas bebidas.

  — Sabe, Maria, eu n?o gosto de você. A linha entre certo e errado é bem tênue no nosso meio, mas n?o saber onde você se posiciona sempre me incomodou.

  A conversa entre elas oscilava entre o profissional e o perigosamente pessoal, revelando a teia de intrigas que se estendia além das paredes da caverna onde a batalha havia sido travada.

  — Também n?o é como se eu gostasse de você — a mercadora suspirou, tomando um gole de sua bebida. — Mas você paga.

  As mulheres observavam o fluxo do bar por um momento, a atmosfera carregada de expectativa.

  — Eu contei para a Ana que foi você quem vendeu as informa??es da miss?o — Natalya falou casualmente, observando de relance a rea??o de Maria.

  O rosto de Maria endureceu imediatamente, e seus olhos brilharam com uma mistura de raiva e medo.

  — Você fez o quê? — ela cuspiu as palavras, sua voz trêmula de indigna??o.

  — A miss?o de hoje vai trazer uma reputa??o ambígua para ela, v?o ter muitos outros tubar?es interessados na nova rainha de bronze que sobreviveu a uma sombra. Eu n?o posso deixar que você venda informa??es para eles, mas sei que fará isso.

  Sem esperar outra palavra, Maria agarrou seu copo e o lan?ou contra Natalya, a bebida espirrando sobre o tecido luxuoso do casaco que a mulher de pele escura usava. Ela se levantou bruscamente, a cadeira rangendo ao ser empurrada para trás.

  — Desgra?ada louca! — gritou ela, antes de virar rapidamente e sair do bar, deixando um silêncio tenso em seu rastro.

  Natalya, ainda sentada, enxugou calmamente o líquido de seu rosto com um len?o, um sorriso satisfeito desenhando-se lentamente em seus lábios.

  O amanhecer come?ava a tingir o céu de cinza e ouro fora da caverna. Após descansar por alguns minutos, Ana foi de encontro aos seus companheiros. Os raios de sol bateram em seu rosto, ofuscando sua vis?o por um instante antes de encontrar a mórbida cena que a esperava do lado de fora.

  O grupo estava reunido em um círculo sombrio ao redor do corpo de Marina, coberto por um manto simples, mas com as marcas da batalha ainda visíveis em sua pele pálida. A fogueira estalava suavemente, lan?ando sombras dan?antes sobre seus rostos sérios.

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  — Como ela está? — Ana perguntou, desviando o olhar da maga e aproximando-se de onde sua m?e jazia, ainda respirando mas perdida em um sono sem sonhos.

  — Estável, por enquanto. Fizemos o que pudemos com os primeiros socorros, mas ela precisa de ajuda real que n?o podemos dar aqui — Alex levantou os olhos, sua express?o era sombria.

  Ana assentiu, a gratid?o misturada com frustra??o. Ela se ajoelhou ao lado de sua m?e, segurando sua m?o fria, sentindo cada respira??o fraca como uma contagem regressiva.

  “Primeiro vamos resolver a situa??o por aqui. Aguente um pouco, m?e.”, ela caminhou de volta ao círculo, recebendo olhares sem esperan?a.

  — Eu n?o entendo como ela p?de mentir para nós — lágrimas escorriam dos olhos de Júlia enquanto ela murmurava, mais para si mesma do que para o resto do grupo.

  — Ela sabia que n?o havia como sobreviver a um ferimento assim, n?o aqui. — disse Ana, sua voz era firme, mas seus olhos revelavam a tristeza que sentia.

  — Deixaremos a Marina aqui? — A voz de Alex tremia com a pergunta.

  — N?o temos como levá-la em nosso estado atual, o cheiro de sangue vai atrair ainda mais monstros. Mas vamos fazer direito, ela merece isso — respondeu Ana.

  Um a um, eles ajudaram a construir um monte modesto de pedras e galhos secos para o funeral improvisado, colocando o corpo de Marina cuidadosamente no topo. Cada membro do grupo colocou uma m?o sobre o monte, um momento de silêncio compartilhado.

  — Marina foi mais do que uma companheira de equipe para nós — Ana come?ou, a tocha tremendo em sua m?o. — Ela lutou ao nosso lado, riu conosco, e nos entreteu todas as noites com sua animada voz. Vamos lembrar dela como ela viveu, n?o como ela morreu.

  Os outros acenaram, alguns com lágrimas nos olhos, outros com determina??o estampada no rosto.

  — N?o vamos deixar que a morte dela seja em v?o.

  — Cada luta que enfrentarmos será um tributo a ela — Felipe adicionou, com uma voz firme

  — Ela sempre será parte de nós, em cada passo que dermos. — Júlia concluiu.

  Eles se sentaram ao redor da fogueira n?o acesa, dando lugar a um silêncio pensativo. Aos poucos, come?aram a compartilhar histórias de Marina — momentos de bravura, de tolices, de bondade, sorriam com as lembran?as das noites em que cantava can??es do seu lar distante e a coragem com que enfrentava cada novo desafio. A noite passou com risadas e lágrimas, uma celebra??o da vida em meio ao luto.

  à medida que o sol nascia, lan?ando um brilho alaranjado sobre o grupo, eles se prepararam para acender a pira. Com um aceno solene, Ana inclinou a tocha, as chamas rapidamente consumindo o monte, como se levassem as memórias de Marina para algum lugar além do alcance da dor e do sofrimento.

  O ar frio da montanha carregava o aroma de terra fresca, misturado ao cheiro de fuma?a que come?ava a se elevar. Sons suaves da natureza — o farfalhar das folhas, o chamado distante dos pássaros, o murmúrio constante de um riacho próximo — criaram um fundo orquestral para receber o tributo final à companheira caída.

  — Nós vamos nos lembrar, sempre. — ela disse. Sua voz era baixa, mas carregada de uma promessa firme que atingiu o cora??o de todos.

  Quando finalmente chegou a hora de partir, o sol estava alto, banhando o mundo em luz. Ana sentiu cada olhar sobre ela, esperando que ela desse o próximo passo e mostrasse o caminho a seguir.

  — Vamos voltar para casa — ela disse, sua voz baixa mas resoluta.

  O grupo acenou em silêncio.

  O que era pra ser uma animada ca?ada na volta pra casa, transformou-se em uma jornada sombria, carregada de um silêncio reflexivo. A floresta por onde caminhavam parecia prestar homenagem à maga caída, com o vento sussurrando através das folhas e o rio murmurando suavemente ao lado do caminho.

  Ana caminhava à frente, cada passo pesado ressoando no ch?o como um eco das decis?es difíceis que tomara, seu cora??o pesado de incertezas e os olhos nublados pela dor n?o totalmente expressa. Ela sabia que o mundo n?o parava para seu luto e que o futuro exigiria ainda mais dela.

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