home

search

Capítulo 177 - Confronto Instantâneo

  — Vamos, me ajude a chegar ao trono e pegue a máscara pra mim — a voz de Ana era fraca, mas ainda carregava aquela autoridade inconfundível que fazia suas palavras soarem como ordens.

  — N?o é uma boa ideia se mexer nesse estado... — respondeu Eva, com os olhos endurecidos avaliando o estado deplorável da rainha.

  Enquanto falava, abaixou-se e, sem hesitar ou dar tempo para Ana reclamar, acoplou um de seus dois últimos frascos regenerativos na armadura da mercenária.

  O líquido escorreu rapidamente, e o alívio veio quase instantaneamente.

  Ana respirou fundo, o peito dolorido se expandindo mais livremente enquanto uma parte da dor se dissipava.

  Ainda assim, apontou com um fraco gesto de cabe?a na dire??o do trono.

  — Tá bom... — resmungou Eva, torcendo a boca.

  Ela passou um bra?o ao redor da mulher e a ajudou a se levantar. Quando finalmente chegaram ao trono, Eva ajudou Ana a se acomodar, e logo seu olhar caiu sobre a lan?a caída n?o muito longe.

  Relutante, Eva a pegou, mas um arrepio percorreu sua espinha ao tocar o metal frio. Por instinto, ela a soltou, fazendo o barulho da arma atingindo o solo ressoar pelo sal?o.

  — Deixa de ser medrosa, ela n?o vai te morder — rindo baixo, Ana a instruiu a tentar novamente.

  A garota ruiva apertou os lábios, tentando ignorar a sensa??o desconfortável, e voltou a pegar a arma. Parecia vibrar, como a respira??o de um pequeno gato, uma sensa??o que achou mais do que inquietante, e querendo se livrar daquilo, rapidamente a colocou no colo de Ana.

  Por fim, sua aten??o foi atraída pela máscara caída em um canto. Pegou-a com cuidado. A pe?a estava rachada, e o chifre esquerdo completamente quebrado. Eva a examinou por um instante antes de também entregá-la à rainha.

  Ana sorriu ao recebê-la. Um sorriso fraco, mas genuino, o qual só se aprofundou conforme voltava a vestir a máscara com reverência.

  — Você realmente precisa dela? — perguntou Eva, n?o conseguindo esconder sua curiosidade.

  — Ah, minha jovem, com certeza preciso — a voz de Ana estava rouca, mas carregada de convic??o. — Você n?o entende o poder dos símbolos. Esta máscara n?o é apenas um peda?o de metal e couro. Ela é o que representa a rainha deste pequeno reino. N?o posso voltar a lutar sem ela.

  Eva assentiu, apesar de n?o totalmente convencida.

  A conversa n?o se estendeu, e as duas ficaram quietas por alguns minutos, sentadas lado a lado. Ana respirava pesadamente, os olhos fechados enquanto dava o máximo de si para recuperar as for?as.

  Ela sabia que ainda n?o estava s? o suficiente para encarar diretamente a garota sem que a tens?o do combate anterior voltasse a borbulhar dentro de si. A mana reversa que a mantinha consciente era a mesma que ainda clamava por mais sangue. Ainda assim, n?o achou certo deixar a conselheira ali, abandonada e a observando inquietamente de relance, ent?o come?ou a pensar em assuntos para distrair a mente.

  — Vocês resolveram a situa??o lá fora?

  — Sim... Mas o Alex... Ele n?o tá muito bem — a voz de Eva fraquejou, a sombra de preocupa??o evidente em seu tom.

  — Seja lá o que for, sei que ele vai se recuperar — Ana fez uma pausa, inclinando levemente a cabe?a na dire??o de garota. — E você? Está bem?

  A pergunta pegou Eva de surpresa. Seu olhar endurecido vacilou, e seus ombros pareceram ceder. As lágrimas come?aram a se acumular no canto de seus olhos.

  — T? bem... Só cansada... — murmurou, tentando esconder a emo??o que transbordava.

  Ana assentiu, esbo?ando um pequeno sorriso.

  — Fico feliz em ouvir isso. Você fez um ótimo trabalho. Sua irm? ficaria mais do que orgulhosa.

  If you spot this narrative on Amazon, know that it has been stolen. Report the violation.

  A garota ruiva respirou fundo, desviando o olhar enquanto enxugava os finos fios transparentes que come?aram a escorrer rapidamente.

  — Acho que sim...

  Ana girou o ombro dolorido, deixando a garota se recompor antes de continuar.

  — E sobre a guerra? Alguma notícia?

  — Nada no meu comunicador há pelo menos umas duas horas.

  — Já deviam ter dito algo... Bem, vou aproveitar que n?o estou morta para descansar um pouco, só por um breve momento... Me chame se precisar...

  — Tá bom.

  A frase mal foi terminada antes de uma respira??o pesada escapar da rainha. Ela estava apoiada em um dos bra?os do trono, já profundamente adormecida. Eva se aproximou devagar, ajoelhou-se lentamente, e encarou o semblante cansado.

  Por mais que estivesse ao lado dela há tanto tempo, ainda n?o conseguia compreender completamente aquela mulher. Ana era um mistério envolto em for?a e violência, mas também em algo mais profundo — algo que Eva suspeitava que nem a própria Ana entendia completamente.

  Com o pensamento veio um misto de tristeza e admira??o. Tentar manter sempre uma aparência descontraída e forte era impressionante, mas também desesperador.

  Com cuidado, a garota removeu o frasco vazio acoplado à armadura da rainha, examinando-o por um momento antes de guardá-lo no cinto.

  "N?o deve ter muita utilidade vazio... Mas nunca se sabe."

  Dando um último olhar no sangue seco que cobria as roupas de Ana, Eva voltou a sentar-se na escada próxima, cruzando os bra?os e tentando relaxar.

  — Ana!

  A rainha abriu levemente os olhos, tossiu bruscamente, e voltou a fechá-los.

  — Ana, acorda! Rápido!

  “Quem está enchendo meu saco?!”, pensou, irritada.

  Suspirando profundamente, ela come?ou a se ajeitar no trono. Os músculos protestavam, mas Ana for?ou o corpo a responder, abrindo os olhos — dessa vez de verdade — enquanto se endireitava.

  Foi ent?o que se deparou com a vis?o da garota ruiva sendo lan?ada em sua dire??o por um violento chute.

  Os sentidos de Ana despertaram de imediato. Com velocidade quase sobrenatural, levantou-se e agarrou Eva no ar antes que ela atingisse a parede.

  A garota ruiva estava inconsciente, o rosto pálido e um filete de sangue escorrendo pela lateral de sua boca. Quando Ana a apoiou delicadamente contra uma coluna próxima, Eva vomitou um pouco de sangue, e seu corpo parou de responder.

  Ana encostou dois dedos em sua veia jugular, pressionando levemente.

  — Ainda respira. Ufa. Se ela tivesse morrido aqui, teríamos um problema real.

  O som de passos lentos e deliberados chamou sua aten??o.

  Do outro lado do sal?o, Jasmim sorria enquanto limpava a bota ensanguentada com um peda?o de pano rasgado encontrado pelo ch?o.

  — E o nosso atual problema é falso?

  Ana lan?ou-lhe um olhar vazio, observando a irm? com um cansa?o misturado à irrita??o.

  — Se você for embora agora, sim, será apenas um problema falso. N?o estou com animo para lutar.

  — Tenho uma contraproposta. Se entregue, rainha de Insídia, e sua cabe?a encerrará essa guerra. Aí o problema se torna ainda mais falso, n?o?

  Ana deu alguns passos para trás, voltando a sentar-se no trono com um suspiro pesado. Come?ou a tamborilar os dedos no bra?o de madeira do assento, os olhos fixos em Jasmim.

  — Você n?o é alguém que pode me enfrentar — comentou, apontando para o crachá no cinto da ca?adora, o qual a anos permanecia com um dourado “B” estampado. — Saia deste lugar. Que a guerra se conclua como o mundo achar que deve ser concluída.

  O sorriso de Jasmim se alargou.

  — O resto do nosso exército está chegando. N?o importa que essa resistência fútil de corrompidos insista em sobreviver. Vocês n?o têm como vencer.

  Ana parou de tamborilar os dedos.

  — Resto do exército?

  — Sim! Ent?o ajoelhe-se de uma vez se quer que esses imundos vivam, mesmo que como escravos.

  A tens?o no ar tornou-se palpável. Ana pegou sua lan?a, os dedos apertando o cabo com for?a.

  — Tudo isso é t?o cansativo...

  Seus olhos tremiam, os músculos se enrijecendo enquanto lutava para conter a violência crescente que queimava dentro de si, mas cada palavra de sua irm? era como uma faísca em um barril de pólvora.

  — Você deveria saber qual o seu lug—

  O som foi cortado por um estrondo.

  A lan?a de Ana atravessou o ar com uma velocidade absurda, destruindo parte do queixo da ca?adora antes que ela pudesse terminar a frase.

  "Quando isso foi disparado?", pensou Jasmim, at?nita, enquanto se desequilibrava.

  N?o teve sequer tempo de processar o ataque antes de Ana surgir ao seu lado em um borr?o de movimento.

  "N?o vou conseguir desviar!"

  Desesperada, Jasmim moveu os bra?os para baixo, tentando amortecer o chute que Ana desferiu contra seu est?mago. O impacto foi devastador, lan?ando-a com brutalidade contra a mesma coluna onde Eva estava apoiada.

  Ela tentou respirar, mas n?o conseguiu. O sangue enchia sua boca, e com a parte inferior do rosto destruída, lutava para n?o se engasgar.

  "N?o posso morrer assim... N?o na m?o dessas aberra??es!"

  Com um esfor?o sobre-humano, Jasmim tentou se mover, arrastando-se em dire??o a garota desmaiada ao seu lado. Mas antes que pudesse alcan?ar a possível refém, a lan?a negra de Ana atravessou seu abd?men, prendendo-a no ch?o.

  A rainha mascarada caminhou lentamente, parando diante da cena e inclinando-se para encará-la de perto.

  — Você devia ter ido embora quando fui gentil. Suponho que tenha sido avisada de que falta de respeito na minha sala do trono n?o seria tolerada novamente por sua cidade mal educada.

  Jasmim, com lágrimas escorrendo pelo rosto, tentou desesperadamente remover a lan?a, for?ando a mana a circular por seus bra?os a velocidades alarmantes. Mas a arma n?o se movia.

  Ana suspirou, os olhos brilhando com uma mistura de cansa?o e algo mais sombrio.

  — Agora, o que devo fazer com você, pequena idiota...?

  Por mais que aquela mulher fosse uma inimiga, Ana sentia um pequeno resquício de afeto. N?o era um carinho convencional, mas um fio tênue de lembran?a e nostalgia de um tempo onde foi feliz ao lado de sua família.

  — A culpa n?o é sua, é desse mundo de merda... — murmurou, perdida em pensamentos e cuspindo no ch?o antes de permitir que suas pernas cedessem. — Fique quieta por um momento. Preciso só de alguns minutos… Logo resolveremos as coisas…

  Com esfor?o, Ana se arrastou até as escadas do trono, posicionando-se de forma confortável nos degraus. O peso da mana reversa estava cobrando seu pre?o.

  Enquanto se preparava para fechar os olhos por mais alguns minutos, a porta do sal?o se abriu novamente.

  — Mais visitantes... T?o cansativo.

  Ela ergueu os olhos lentamente, se deparando com dois jovens com express?es que misturavam surpresa e horror.

  Quer apoiar o projeto e garantir uma cópia física exclusiva de A Eternidade de Ana? Acesse nosso Apoia.se! Com uma contribui??o a partir de R$ 5,00, você n?o só ajuda a tornar este sonho realidade, como também faz parte da jornada de um autor apaixonado e determinado. ??

  Venha fazer parte dessa história! ??

  Apoia-se:

  Discord oficial da obra:

  Galeria e outros links:

Recommended Popular Novels